domingo, 17 de agosto de 2008

A língua, as danças e o canto conservam a identidade de Tafalla


Tafalla celebra hoje o seu terceiro dia de festas. E embora nas actividades programadas se possam encontrar seguramente elementos próprios de Tafalla, da mesma forma que acontece noutras localidades, também nesta histórica cidade as festas tendem para a homogeneização. Perante isto, alguns txokos [locais] como a txosna [barraca] da ikastola [escola de ensino em euskara] tentam manter e avivar alguns elementos que tradicionalmente caracterizaram as festas de Tafalla, defendendo a espontaneidade e o carácter participativo que lhe são próprios.

O léxico euskaldun de Tafalla

Jose Mari Esparza, estudioso da história e das pequenas histórias desta zona de Nafarroa, destaca que as danças e o cantar são “características fundamentais que se estão a perder face a actuações comerciais como as touradas e os espectáculos”. Por isso, indica que “na barraca da ikastola se criam ambientes propícios para recuperar o sabor tradicional das festas, em que os grupos dançam a jota, o arin-arin, a porrusalda ou a Era, e cantam”.

Entre as características próprias de Tafalla, é possível destacar as linguísticas. Esparza publicou recentemente na revista local La Voz de la Merindad um artigo em que recolhe o léxico em euskara que se manteve na zona. Assim, pode-se concluir que esta língua não desapareceu completamente nesta parte de Nafarroa no século anterior, uma vez que, mediante três suportes – a toponímia, os apelidos e o léxico –, se mantém viva até aos nossos dias, em que existem sinais de recuperação. Esparza alerta, não obstante, para o facto de a perda se continuar a dar, tendo em conta que nos últimos quarenta anos, com o desaparecimento de um modo de vida ligado ao pastoreio e à agricultura, também se foram perdendo palavras e expressões provenientes do euskara.

Contudo, muitos ficarão surpreendidos ao saberem que txirrintxa, em Tafalla, significa inveja; que lantxurria é o nome dado à geada; que sankartila é o nome que recebe a lagartixa, ainda que na ikastola se ensine que em euskara é sugandila. Esparza lamenta que, embora o euskara esteja a ser reintroduzido através das ikastolas, isso não tenha servido para travar a perda do dialecto próprio da zona. Valha a sua contribuição como testemunho, e também para que aqueles que sempre utilizaram o léxico mencionado no artigo – abundante, por certo – ganhem alento e estímulo para se aproximarem dessa língua, que talvez sintam como alheia.

Oportunidades não lhes faltarão em Tafalla. A plataforma EHE [Euskal Herrian Euskaraz / O País Basco em Basco] exorta as pessoas a viverem as festas em euskara; amanhã celebra-se a Euskal Jaia [Festa Basca], e a barraca das ikastolas oferecerá um espaço para desfrutar de danças euskaldunes e cantar em euskara.

«Também nas festas de Tafalla pediram o regresso dos presos e dos exilados bascos!»

Na sexta-feira, por ocasião do lançamento do foguete que anuncia as festas, numa praça de Navarra a abarrotar, repleta de ikurriñas e pequenas faixas a favor da amnistia, e apesar dos avisos da autarca, que não queria ver ikurriña nenhuma a pender do edifício municipal, uma enorme bandeira basca e uma faixa a reclamar a amnistia para os presos bascos acabaram por aparecer na fachada da Câmara Municipal.

Uma hora depois do estoiro do foguete, dezenas de pessoas juntaram-se nas imediações do bar El Pasadizo para exigir a amnistia para os perseguidos políticos bascos em geral e a libertação dos presos de Tafalla Jose Javier Osés, Inés del Río e Josu Bravo em particular. No caso de Del Río, que permanece presa já desde 1987 e que sofreu a aplicação da «doutrina Parot», exigiram a sua imediata saída da prisão, e tiveram ainda palavras de ânimo para Osés, encarcerado em Novembro.

Desse modo, dedicaram um aurresku e uma jota aos presos, e posteriormente os ali presentes cantaram o Hator, hator e o Eusko Gudariak, antes de terminarem as saudações com um brinde.

Jasone MITXELTORENA
Fontes: Gara e Gara