terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Era uma vez... um circo!


Ao penalizar o diálogo político, os tribunais poderiam de facto fechar a porta a uma saída dialogada para conflito que afecta este país.

Na próxima quinta-feira, 8 de Janeiro, terá início a badalada audiência contra «O diálogo». O início do processo remonta a 19 de Abril de 2006, dia em que decorreu uma reunião na Lehendakaritza entre Ibarretxe e os mahaikides Arnaldo Otegi, Pernando Barrena e Juan Joxe Petrikorena, tendo depois determinadas organizações afins ao PP apresentado queixa em tribunal por considerarem que os participantes nesse encontro violaram a suspensão de actividades do Batasuna decretada pelo juiz da Audiência Nacional espanhola Baltasar Garzón. No dia do início do julgamento, a esquerda abertzale vai mobilizar-se e estará presente às portas do tribunal.

Em Fevereiro do ano passado, e face a uma denúncia semelhante, o juiz resolveu juntar a essa causa um outro procedimento judicial aberto contra três membros da comissão negociadora da esquerda abertzale – Arnaldo Otegi, Olatz Dañobeitia e Rufi Etxeberria –, o secretário-geral do PSE, Patxi López, e o seu secretário de Organização, Rodolfo Ares, pela reunião que mantiveram em Julho de 2006 num hotel do centro de Donostia.

O delito de tentar encontrar soluções para os problemas

Os únicos imputados por um suposto “delito de desobediência” são os cinco dirigentes da esquerda independentista, enquanto o lehendakari e os líderes do PSE Patxi López e Rodolfo Ares são considerados “cooperadores necessários” para a realização desse delito. O julgamento começa na próxima quinta-feira em Bilbau. Para lá das consequências pessoais que a sentença possa implicar (os representantes da esquerda abertzale são as pessoas que, em princípio, poderão ser mais afectadas), existe um outro nível de gravidade subjacente, já que, ao penalizar o diálogo político, os tribunais poderiam de facto fechar a porta a uma saída dialogada para conflito que afecta este país.
A esquerda abertzale convocou uma concentração de denúncia em frente às portas do tribunal.