quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

«Queremos contribuir, a partir de Busturia, para a construção de Euskal Herria»


Andoni ELORRIETA, próximo autarca de Busturia, entrevistado por Agustín GOIKOETXEA

Tomará posse esta tarde, em virtude do acordo de governação subscrito há ano e meio pela esquerda abertzale com o EA para “dar a volta” ao modo de governar do PNV. Foi um dos dois edis do EA, Rodolfo Lartitegi, quem primeiro assumiu o cargo que agora ele passará a ocupar.

Encantado com a tarefa empreendida em Julho de 2007, Elorrieta não oculta que agora, mais que nunca, terão pela frente o PNV e os partidos de obediência espanhola para fazer fracassar o seu projecto de mudança.

Como encara os dos anos e meio de mandato como autarca que lhe restam?

Com muita expectativa e alegria, não isenta de preocupação pela forte oposição que vamos suportar, dentro do Município e também fora dele. Expectativa e alegria porque estamos convencidos de que vamos mudar muitas coisas que entendemos que não eram feitas do modo que os habitantes gostariam, e trabalharemos para as melhorar.

A pressão mediática fez-se sentir sobre os seus parceiros de governação? E nos moradores?

Sim, notou-se bastante. É lógico que se deixe de sentir mais sobre o Eusko Alkartasuna. Entendo que esses ataques furibundos procuraram a ruptura do acordo de governação com a esquerda abertzale, como aconteceu em Azpeitia.
Os busturiarras não sofreram apenas a pressão dos meios de comunicação espanhóis, mas também o panfletarismo do PNV, tentando aquecer o ambiente, atacando com fúria os nossos parceiros de governo. A pressão sobre a esquerda abertzale virá através da Lei de Partidos, como o têm vindo a fazer até agora o PSOE e o PP com o apoio do PNV. Sem a sua colaboração, não teria sido possível. Agora, tentarão criminalizar-nos mais, para ver se de uma ou outra forma nos afastam de todos os governos municipais em que estamos.

Porque está o PNV na oposição municipal?

Nas últimas eleições municipais levaram um forte abanão. Tiveram uma grande descida na votação. Passaram de 566 sufrágios para 397, de cinco para quatro vereadores, perdendo a maioria absoluta e cerca de 30% do seu apoio. Esses resultados são consequência da inconformidade dos habitantes com a sua forma de governar. A política do PNV é a do negócio e isso não é o que mais interessa às pessoas.

Notam um corte nas ajudas ou entraves desde as instâncias forais ou do Governo de Gasteiz?

De Lakua, não. Da Delegação Foral, sem generalizar, sim, notámos, não em tudo, coisas pontuais em que entendemos que houve cortes nas ajudas única e exclusivamente por sermos nós. Caso se tratasse do PNV, teriam sido mais generosos ou teriam simplesmente concedido o crédito que negavam. De agora em diante, o problema pode agudizar-se, quando o PNV estiver ainda mais furioso ou caso o EA não esteja em Lakua, e, claro, a Delegação tentará em boicotear-nos em muitas situações.

Quais são os desafios que vai enfrentar como autarca?

Quando chegámos a acordo com o EA, estabelecemos determinadas metas em política municipal, cultura, habitação, meio ambiente e acção social, em que dávamos praticamente a volta às coisas. Agora, fazemos uma política social mais próxima da terra e, naturalmente, um urbanismo em que vamos dar prioridade à aquisição de primeira habitação, eliminando totalmente ou quase tudo o que possamos da habitação livre. Vamos tentar conseguir que as pessoas de Busturia não tenham que ir viver para fora, o que é triste, mas estava a acontecer nos últimos anos.
Trabalhamos na euskaldunização total do Município, juntamo-nos à UEMA (1), numa política muito mais euskaldun do que a que foi conduzida pelo PNV. Embora sejamos uma terra pequena, queremos contribuir para a construção nacional de Euskal Herria (2).

(1) Udalerri Euskaldunen Mankomunitatea – Comunidade de Municípios Euskaldunes.

(2) Busturia fica situada na comarca de Busturialdea-Urdaibai (Bizkaia, EH), mais ou menos a meio caminho entre Bermeo e Gernika.
Fonte: Gara