quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O juiz Ruz afirma que irá aplicar três medidas para «prevenir» os maus tratos


O juiz da Audiência Nacional espanhola Pablo Ruz aceitou a aplicação de medidas para «prevenir» maus tratos. Ao contrário de Grande-Marlaska há duas semanas, Ruz aceitou o pedido dos advogados dos sete internacionalistas detidos - que, segundo indicou o Movimento pró-Amnistia, serão hoje presentes, previsivelmente, a tribunal - de que sejam visitados por um médico de confiança, de que os seus familiares sejam informados onde e como estão, e de que o período de detenção seja filmado em vídeo.

Não obstante, o Movimento pró-Amnistia afirmou que essas medidas «não são suficientes», posto que pessoas detidas a quem foram aplicadas essas mesmas medidas denunciaram maus tratos «em mais do que uma ocasião».
Além de que «nenhum advogado conseguiu ainda ver os vídeos das detenções», salientaram.

«Sabotar» o caminho aberto
No entender do movimento anti-repressivo, só o fim do regime de incomunicação e o facto de os detidos serem imediatamente conduzidos à presença do juiz «possibilitarão o fim da tortura».

Por seu lado, o movimento internacionalista basco, juntamente com representantes do movimento popular, deram ontem uma conferência de imprensa massiva, à qual também assistiram numerosos meios de comunicação, para denunciar a detenção de Walter Wendelin, Ruben Sánchez, Gabi Basañez, Haritz Ganboa, Unai Vázquez, Itsaso Lekuona e David Soto.

Antes de mais, os militantes internacionalistas Naiara Bernal e Jon Etxebarria transmitiram a sua solidariedade tanto aos detidos como aos seus familiares e amigos.
Mostraram-se também preocupados com a forma como possam estar a ser tratados, tendo por isso exigido «a suspensão imediata do regime de incomunicação e a sua libertação» ante o risco de tortura e maus tratos.

Apoiados por quase uma centena de pessoas, Bernal e Etxebarria salientaram que a operação decretada pelo juiz Pablo Ruz «é outro ataque» contra o processo que se está pôr em marcha em Euskal Herria. O Estado espanhol, «em vez de apresentar uma saída política e democrática, utiliza unicamente meios repressivos e está a tentar sabotar o caminho aberto», referiram.

Neste sentido, afirmaram que o envolvimento e a solidariedade existente a nível internacional para a consecução de uma solução democrática «se tornou um problema para o Estado espanhol», que, no entender dos internacionalistas, «o quer parar».

Denunciaram também o duplo objectivo da operação policial: «por um lado, procuram a criminalização da solidariedade entre os povos, e, por outro, pretendem acabar com a solidariedade que Euskal Herria recebe da comunidade internacional».

Para além disso, o movimento internacionalista basco fez um apelo para que se denuncie este novo ataque «como a sistemática violação de direitos que sofremos» e desafiou a sociedade «a continuar a trabalhar» pelo reconhecimento dos direitos em Euskal Herria.

Em nome do movimento internacionalista, Naiara Bernal e Jon Etxebarria desafiaram a sociedade a estar presente na manifestação convocada para dia 2 de Outubro em Bilbo, tendo ainda referido que o encontro previsto para o dia 16 de de Outubro em Gernika, no âmbito do 'Dia Internacionalista', se mantém de pé.

No final da conferência de imprensa, quatro furgonetas da Polícia de Rodolfo Ares invadiram a Praça dos Foros, e uns vinte agentes equipados com material antimotim dirigiram-se a duas pessoas que tinham participado na conferência e identificaram-nas. Depois de dez minutos de tensão, os polícias retiraram-se.

Do México à Palestina
Face a esta última operação contra a Askapena, são numerosas as mensagens de apoio e solidariedade que a organização internacionalista está a receber, provenientes tanto de Euskal Herria como da comunidade internacional.

À conferência de ontem aderiram: Anitzak, Elkartzen; ezker abertzalea; Esait; Boltxe; Bilgune Feminista; Gazte Abertzaleak; Gite-Ipes; Komite Internazionalistak; Aralar; TAT; Eskubideak; Mekaguen, Paya, Komantxe, Askapeña, eta Abante konpartsak; Giza Eskubideen Behatokia; AAM; EHE; Bai Euskal Herriari; Sare Antifaxista; LAB; EHBE; Herria 2000 Eliza; Kristau Elkarte Herritarrak e Euskal Herriko Apaiz Koordinakundea.

Além disso, o sindicato Hiru, a coordenadora antimilitarista Kakitzat, o TAT e diferentes colectivos solidários e internacionalistas de Iruñea, que convocaram uma concentração para hoje às 19h00 em frente à delegação do Governo espanhol, denunciaram as detenções através de comunicados.

A nível internacional, também não param de chegar mensagens de solidariedade para Wendelin, Sanchez, Basañez, Ganboa, Vázquez, Lekuona e Soto. Até à data receberam o apoio e o compromisso de continuar a trabalhar pelos direitos de Euskal Herria de sítios como a Argentina, a Venezuela, o México ou a Palestina. Na Europa: da Irlanda, da Itália, de Portugal, da Suíça, da Escócia, da Occitânia ou dos Países Catalães, especialmente por parte dos Euskal Herriaren Lagunak.

Zuriñe ETXEBERRIA
Fonte: Gara

Ver também: askapena.org