terça-feira, 15 de abril de 2014

Detectam novo cancro ao preso Ventura Tomé e extraem-lhe parte de um pulmão

O preso Ventura Tomé (Tafalla, Nafarroa) acaba de ser submetido a uma operação para lhe ser extraída parte de um pulmão, depois de lhe ser detectado um novo cancro, segundo informou a Etxerat numa conferência de imprensa hoje em Iruñea.
Em Janeiro de 2013 foi diagnosticado ao preso tafalhês, encarcerado em Múrcia (a 690 quilómetros de Tafalla), um cancro da próstata, que foi tratado com radioterapia em condições que a Etxerat na altura denunciou: o preso passou por 38 sessões de radioterapia com as algemas colocadas. Pediu a transferência para Iruñea, que foi recusada. O tratamento terminou em Julho de 2013, sem que fossem efectuados exames sobre a extensão da doença. Em Junho de 2013, foi-lhe feito um exame relacionado com outra doença. Apesar de lhe ter sido detectado um tumor num pulmão, tal só lhe foi comunicado em Dezembro de 2013. Em Janeiro de 2014, foi internado no Hospital Virgen de la Arrixaca, em Múrcia, para fazer exames, que confirmaram a presença de um adenocarcinoma de pulmão. Foi operado no passado dia 8, para lhe ser extraída uma parte do pulmão esquerdo.

A mulher de Ventura Tomé, Kristina Gracia, disse que a operação foi feita em condições péssimas, com um dispositivo policial desproporcionado e com pressões à sua filha, única familiar que pôde deslocar-se a Múrcia. Kristina Gracia também tem cancro, pelo que não pode viajar e visitar Ventura Tomé. Há seis meses que não o vê. «Estamos saturados desta situação», disse.

O médico de confiança de Tomé, Mikel Urra, sublinhou que uma prisão não tem as condições mínimas para o pós-operatório. No caso da extirpação do pulmão, o risco de contrair infecções é superior ao de outras operações cirúrgicas. E numa prisão este risco aumenta ainda mais.

Jaione Karrera, advogada de Tomé, solicitou à Audiência Nacional espanhola a suspensão da pena, devido à doença, e pediu às instituições penitenciárias que possibilitem o seu acesso ao regime de prisão atenuada. O magistrado opôs-se à primeira solicitação e as Instituições Penitenciárias não alteraram o estatuto do preso.

Urtzi Errazkin, porta-voz da Etxerat, pediu que Tomé seja transferido para Euskal Herria e denunciou o prolongamento das políticas de excepção assentes na vingança contra os presos políticos bascos. «Se a situação dos nossos familiares doentes não melhorar e a política penitenciária não mudar, o processo de resolução do conflito, a democratização e o respeito de todos os direitos dos cidadãos bascos não avançarão», acrescentou.

Ventura Tomé tem 60 anos e, depois de ter estado na cadeia nos anos 90, foi detido em Bruxelas em Outubro de 2011 e entregue ao Estado espanhol em Dezembro desse ano para cumprir uma pena de 17 anos, quatro meses e um dia. A sua libertação está prevista para Abril de 2029. / Ver: ahotsa.info