quinta-feira, 9 de abril de 2009

O Colectivo de Presos Políticos mobiliza-se contra a dispersão

O Colectivo de Presas e Presos Políticos Bascos (EPPK) enviou ao diário GARA um comunicado no qual faz saber à sociedade basca que adere às inúmeras actividades convocadas pelo Movimento pró-Amnistia para denunciar a política penitenciária, coincidindo com o 20.º aniversário da implementação da política de dispersão.

Assim, os perseguidos políticos bascos anunciam que, pela sua parte, vão “contribuir” para as mobilizações levando a cabo uma greve de comunicações nas prisões nos dias 18 – sábado – e 19 – domingo – de Abril, “suspendendo as visitas e participando, juntamente com os nossos familiares e amigos, na denúncia popular da dispersão”.

O EPPK também lança um apelo a toda a sociedade de Euskal Herria, “e especialmente aos que trabalham pelos direitos dos presos”, no sentido de participarem nas mobilizações e actividades que se convoquem e exige ainda o fim da política de dispersão e o respeito dos direitos dos presos políticos bascos.


«Fracassou»
Desde a entrada em vigor da política de dispersão, aplicada de maneira generalizada aos presos políticos bascos a partir de 1989 pelo Governo do PSOE encabeçado por Felipe González, 22 perseguidos políticos perderam a vida nas prisões espanholas e francesas – nas quais os presos se encontram igualmente dispersos – e outras 16 pessoas, entre familiares e amigos, morreram nas estradas quando se iam fazer uma visita ou dela regressavam.

Isto dá uma trágica média de um familiar morto a cada 15 meses. A dispersão causou ainda mais de 300 acidentes rodoviários em ambos os estados, dos quais resultaram mais de 400 feridos.

Apesar deste balanço bem duro, vários ex-presos políticos que sofreram na pele a política penitenciária dos estados espanhol e francês afirmaram no dia 2 em Donostia que a dispersão, cujo fim último era “destruir” o colectivo de prisioneiros políticos, é “a face mais cruel” dessa política, mas “fracassou”. Sublinharam que os presos fizeram frente à dispersão “com grande dignidade”. E lembraram ainda, a este respeito, que a dispersão, além da punição que representa em si mesma, gera também o endurecimento das condições de vida nas prisões, levando, em muitos casos, ao isolamento do preso.

Estes ex-presos criticaram também, na sequência das declarações proferidas nas últimas semanas por mandatários políticos e institucionais, a aposta destes últimos “no aprofundamento das consequências da dispersão”, e lembraram que uma vasta maioria social, sindical e política deste país se manifestou contrária a esta política.

Notícia completa: Gara