segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vidas distorcidas que são mais que vítimas colaterais de 50 anos de conflito


Melitón Manzanas é considerado hoje oficialmente uma «vítima do terrorismo», mas não se passa o mesmo com Joxe Mari Quesada ou María Mercedes Ancheta, mortos depois de passarem pelas suas mãos. A Euskal Memoria fez aflorar dezenas de histórias trágicas derivadas do conflito que se encontravam totalmente ocultas há décadas, que pura e simplesmente não foram notícia ou que foram tratadas como meros acontecimentos.

A investigação levada a cabo pela fundação Euskal Memoria sobre o período 1960-2010 permitiu trazer para a luz várias dezenas de mortes que jamais haviam sido conhecidas ou que nunca apareceram associadas ao conflito armado em Euskal Herria, mas que não se teriam verificado sem a sua existência. Os casos são muito variados: falecidos como consequência da prisão, de detenções, de tortura, de cargas policiais, de controlos, de perseguições... mas todos com um denominador comum: não aparecem nas listas de vítimas usadas até ao momento, questão plenamente actual. De facto, na semana passada o Gara informou que o Governo de Lakua atribuiu a uma empresa externa a tarefa de elaborar a lista das «outras vítimas». Muitos dos 474 casos de mortos pela repressão contabilizados pela Euskal Memoria, entre 1960 e 2010, nunca foram vítimas, nem sequer «colaterais».

Este periódico teve acesso ao material recolhido, que virá a público na próxima Feira de Durango e será depois distribuído apenas entre os promotores da fundação. Chama a atenção o facto de os casos agora catalogados não dizerem apenas respeito aos anos 60 e 70, mais opacos em termos informativos, mas também a outros bastante mais recentes. São dramas humanos aos quais nunca foi dada uma dimensão política, e que muitas vezes nem sequer chegaram a ser notícia de fundo. Em seguida, alguns dos que serão divulgados em No les bastó Gernika: [...]

Ramón SOLA

VER alguns dos casos no Gara