terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Arnaldo askatu!

Centenas de pessoas estiveram ontem [19/12/2010] nas imediações da prisão de Logroño para exigir a imediata libertação de Arnaldo Otegi. Na verdade, esta reivindicação abarcava as centenas de presos políticos bascos encarcerados em França e Espanha, mas ganhou especial relevo às portas do presídio riojano, posto que a permanência de Otegi na prisão representa, pela sua marca pessoal e ascendência simbólica, a impossibilidade de fazer política em Euskal Herria.

O Arnaldo está na prisão por ter defendido na Praça de Zornotza a necessidade de libertar quanto antes Jose Mari Sagardui, o preso europeu que há mais anos se encontra atrás das grades. Foi detido pela enésima vez em Outubro de 2009 sob a inaudita acusação de pretender obter da ETA «tréguas encobertas», ao mesmo tempo que procurava forjar «uma frente soberanista sem o PNV». Só a menção destas acusações dá uma ideia exacta do nível democrático do estado que se vangloria de o manter encarcerado. Assim, ao invocar a necessidade da sua libertação estamos a reclamar a necessidade de acabar com este regime de excepção, liberticida e cínico, que com uma mão encoraja a esquerda abertzale a fazer política, e com a outra cerceia qualquer possibilidade de o fazer, inclusive cumprindo os requisitos legais estabelecidos a esse respeito.

O nosso companheiro não é o expoente máximo da repressão sofrida pelos presos políticos bascos nas últimas três décadas. As mortes por falta de assistência, a «pena perpétua» encoberta, os intermináveis anos de isolamento e dispersão, o padecimento infligido aos familiares descrevem uma punição colectiva prolongada no tempo que nenhuma situação individual é capaz de resumir. Contudo, o encarceramento de uma das principais referências da esquerda abertzale, quando esta se manifesta de forma inequívoca a favor das vias exclusivamente políticas e democráticas, constitui um escândalo de primeira ordem. Exigir a sua liberdade, a plena liberdade de acção política, tem um peso colectivo evidente: com ele e muitos outros, mantêm sequestrados os direitos civis e políticos de dezenas de milhares de pessoas.
Fonte: ezkerabertzalea.info