quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Reportagem: Julgamentos do passado para impedir o futuro

A Ateak Ireki viajou até Madrid para passar um dia com os jovens independentistas julgados pela sua militância política na Audiência Nacional espanhola e entrevistá-los sobre os dois macro-processos que estão a decorrer no tribunal de excepção espanhol. Apesar de terem passado dois anos desde que a ETA declarou o fim da luta armada e dos importantes passos que se deram no País Basco com vista à resolução do conflito e à concretização da paz, na Audiência Nacional espanhola começaram dois julgamentos de inegável carácter político.
Quase 80 pessoas, acusadas de ser membros ou colaboradores da ETA, sentam-se no banco dos réus. Nesta reportagem, falam alguns dos jovens independentistas acusados de pertencer à organização juvenil Segi, já desaparecida. / Ver: ateakireki.com

Ver também: «Os responsáveis civis das herrikos recusam ser interrogados pelo Ministério Público» (naiz.info)

Três jovens não comparecem no julgamento do corte da A-8 contra a ilegalização da Segi
Ainara Ladron, Aritz Azkona e Naroa Ariznabarreta, três dos cinco jovens independentistas acusados de participar numa acção de protesto na auto-estrada A-8 contra a designação da Segi como «organização terrorista», em Janeiro de 2007, recusaram-se a comparecer no Tribunal de Donostia, onde hoje começou o julgamento. O tribunal emitiu um mandado de busca e captura.

Começou hoje em Donostia o julgamento de cinco jovens acusados de cortar a A-8 a 13 de Janeiro de 2007 em protesto contra a ilegalização da organização juvenil independentista e socialista Segi (que foi incluída na lista das organizações terroristas pelos fascistas espanhóis).

Naquele dia, tal como recorda o Eleak, estes cinco jovens acorrentaram-se a bidões de cimento, a poucos metros da portagem de Zarautz (Gipuzkoa), no sentido de Bilbo, tendo sido detidos e posteriormente acusados de provocar desordens públicas. O Ministério Público pede 30 meses de cadeia para um.

Através de um vídeo, três destas pessoas anunciaram que não iam comparecer em tribunal, bem como a sua intenção de prosseguir com a sua vida diária. Enfatizaram ainda a importância do «empenho popular» para acabar com a repressão, pediram à juventude basca que «continue a lutar» e fizeram um apelo à participação nas mobilizações convocadas para hoje nas terras dos arguidos - Eibar, Elgoibar, Arrieta, Bilbo e Gasteiz. Este julgamento esteve marcado para 21 de Fevereiro, mas os acusados decidiram não comparecer, e acabaria por ser suspenso por erros judiciais.
O Eleak reclamou o fim «da perseguição judicial do protesto, como meio legítimo de participação na política». «Estes julgamentos não são a solução para o conflito político que vivemos», afirmou o movimento de defesa dos direitos civis e políticos, que fez um apelo ao diálogo.

Protesto contra a ilegalização da Segi na A-8 (13/01/2007) Fontes: ateakireki.com, topatu.info e lahaine.org