segunda-feira, 14 de setembro de 2009

«Temos certezas terríveis sobre Jon Anza, mas não nos vão calar»


«Temos certezas que são terríveis, mas queremos dizer que não nos vão calar, nem assustar, nem meter num poço de desespero». A mensagem relativa ao desaparecimento de Jon Anza foi lançada no sábado pelo Euskal Iheslari Politikoen Kolektiboa [Colectivo de Refugiados Políticos Bascos] na maior aparição pública dos últimos tempos, sinal da gravidade do assunto. Em Donibane Lohizune (Lapurdi), cerca de 50 exilados encorajaram as pessoas a participarem na mobilização do próximo sábado.

Com retratos do desaparecido Jon Anza nas mãos, cerca de 50 membros do Euskal Iheslari Politikoen Kolektiboa deram no sábado, no parque Ducontenia, em Donibane Lohizune, o sinal de alarme. «Temos certezas terríveis», afirmaram, antes de realçar que isto não os vai calar nem fazer entrar em desespero.

Além de apelarem à participação na mobilização nacional do próximo sábado - altura em que se cumprirão cinco meses desde o desaparecimento de Anza -, os presentes recordaram que este não é um caso isolado.

Xabier Arin leu um comunicado, redigido em euskara e em francês, no qual se refere que «aqui estão muitas pessoas que conheceram o franquismo» e que constatam, com base nessa perspectiva, que se continua a tentar renovar a mesma estratégia repressiva que fracassou mil e uma vezes. Em seu entender, agora irá passar-se a mesma coisa.

Políticos e comunicação social
Recordaram que, ao lado do desaparecimento de Jon Anza, estão os casos de Juan Mari Mujika, Lander Fernández e Alain Berastegi. E por isso mesmo consideraram «muito preocupante» a desatenção de partidos políticos e da comunicação social. Nas suas palavras, «a decisão de impor esta repressão sem limites não teria sido tomada pelos estados se não tivessem contado com a ajuda do silêncio de instituições, políticos e meios de comunicação».

Arin - que esteve acompanhado na mesa por Oskar Bizkai, Lorea Zeziaga e Mikel Barrios - centrou-se principalmente no caso de Anza para realçar as «certezas terríveis» que o Colectivo possui. Mas acrescentou de seguida que «temos de dizer que não nos vão calar, nem assustar, nem meter num poço de desespero».

Na semana passada, o dirigente do PNV Joseba Egibar perguntou directamente ao ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, «se a Polícia deteve» Jon Anza. Os exilados bascos acusaram no sábado os governos de Madrid e Paris de manter uma mesma atitude perante o caso, «que Rubalcaba expressa em voz alta e Michèle Alliot-Marie em voz baixa».

O Colectivo recordou ainda que não são um, mas quatro, os militantes bascos desaparecidos, nalguns casos há mais de três décadas. Evocaram os nomes de Eduardo Moreno Bergaretxe Pertur, José Miguel Etxeberria Naparra e Popo Larre, além do de Jon Anza. E pediram aos cidadãos bascos que «não aceitem o silêncio face à repressão».

Tal como a conferência de imprensa de ontem, a manifestação de sábado terá lugar em Donibane Lohitzune, e começará às 17h. Esta semana, vários eleitos de Ipar Euskal Herria manifestaram a sua adesão.

Maite UBIRIA

Na sequência: «A procuradora Kayanakis mantém todas as hipóteses em aberto»
Anne Kayanakis, a procuradora do Tribunal de Baiona que tem a seu cargo a investigação da denúncia do desaparecimento, foi entrevistada no sábado por Le Journal du Pays Basque. Disse que não existem dados novos e que se mantêm todas as hipóteses em aberto, incluindo a aberta pela questão colocada por Joseba Egibar a Alfredo Pérez Rubalcaba e que o ministro do Interior espanhol se escusou a responder. Questionada sobre a possibilidade de Anza ter sido detido por polícias espanhóis, a procuradora insiste na ideia de que «nada está descartado».

Fonte: Gara
Entrevista (fra): lejpb - EHko kazeta


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