quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Três jovens bascos afirmam que foram acossados pela Polícia para colaborarem

Três jovens afirmaram publicamente que foram acossados, interrogados e mesmo ameaçados de forma a colaborarem com a Polícia. Dois deles já apresentaram queixa nos tribunais e a terceira fá-lo-á em breve, tal como anunciaram numa conferência de imprensa em que se fez um apelo à participação na manifestação do próximo sábado em Donibane-Lohizune, para exigir a verdade sobre o paradeiro do militante desaparecido Jon Anza, outro caso de "guerra suja".

Sequestrado durante mais de sete horas dentro de um carro em Iruñea, acossada pelo telemóvel e surpreendido por trás depois de descer de um autocarro numa estação de Alicante, onde foi ameaçado de prisão. São estas as situações de acosso que três jovens sofreram de forma a colaborarem com a Polícia e que deram hoje a conhecer em Gasteiz.

Na conferência de imprensa relataram que um jovem, porta-voz da plataforma Gora Iruñea, foi metido num carro às 3h30 no dia 22 de Março. Durante várias horas, foi interrogado sobre a plataforma em que trabalha, até que às 11h horas, depois de uma breve paragem numa zona industrial, onde pôde apanhar um pouco de ar, o abandonaram no bairro de Donibane.

Outro jovem foi retido numa estação de autocarros de Alicante, onde foi passar as férias com a família. Ao descer do autocarro, dois homens chamaram-no pela sua "alcunha" e ofereceram-lhe dinheiro em troca de colaboração. "Sabemos que a tua família anda mal de dinheiro", disseram-lhe.

Mais tarde, ameaçaram metê-lo na prisão caso rejeitasse a "oferta" que lhe faziam e perguntaram-lhe se não reconhecia as suas vozes, uma vez que tinham estado juntos na inspecção a um bar de Gasteiz. Avisaram-no que esta seria a sua última «oportunidade», pois na sequência da inspecção tinham marcado um encontro a que ele nunca apareceu.

Estes dois jovens já apresentaram queixa no tribunal e em breve será a outra jovem, que recebeu a "proposta" via telefone, a fazê-lo.

Esta jovem recebeu chamadas telefónicas entre 24 de Julho e 8 de Setembro. Tratavam-na pelo seu nome e, quando lhes perguntava quem eram, respondiam-lhe que isso não tinha importância, apenas quem ela era e que eles tinham alguma coisa para ela.

Estas situações não são novas, mas conheceram um crescimento importante nos últimos tempos, tal como denunciou o movimento a favor da amnistia, que enquadrou estes novos episódios na "guerra suja".

Na conferência, fez-se um apelo à participação na manifestação do próximo sábado em Donibane-Lohizune para exigir a verdade sobre o que aconteceu ao militante Jon Anza, desaparecido desde o dia 18 de Abril.
Fonte: Gara

Ver também: apurtu.org