domingo, 1 de fevereiro de 2009

A «democracia fascista»: a julgamento e sem reforma por colar cartazes da ANV


No dia 4 de Fevereiro as salas do Tribunal de Iruñea [Pamplona] abrirão as suas portas para dar início a um julgamento contra cinco pessoas de Noain. Três reformados e dois jovens. A justiça ataca-os por terem colado cartazes da ANV na campanha eleitoral de 2007. Naquela altura o veterano partido abertzale ainda não tinha sido objecto da censura da lei de partidos.

Os membros da SASOIA Pentsiodun eta Jubilatuen Elkartea [Associação de Reformados de SASOIA] ainda não acreditam no que lhes caiu em cima. É que, dentro de poucos dias, na próxima quarta-feira, mais concretamente, três membros desta associação vão ser julgados, juntamente com dois jovens, por colocar cartazes da EAE-ANV. Para estes cinco moradores de Noain (Nafarroa) pedem penas que oscilam entre os 18 meses de prisão e diversas sanções económicas por fazer “propaganda eleitoral”. Com estas palavras, para o caso de ainda restar alguma dúvida. Uma acusação que não faz mais do aduzir argumentos a quem há algum tempo mantém sob quarentena a qualidade da “democracia espanhola”. Mediante um comunicado, a SASOIA recorda que aqueles que compõem a associação são pessoas idosas e que este tipo de medidas lhes traz à memória “tempos franquistas” que pareciam distantes.

Para dia 4, convocaram uma concentração em frente ao edifício do Tribunal de Iruñea, para dar toda a força e apoio a essas cinco pessoas, que vão ser julgadas por coisas que noutras latitudes causariam rubor. Em qualquer caso, os pedidos da acusação não se podem levar a brincar, já que ano e meio atrás das grades é algo de bastante sério e, no caso de sanção económica, a situação também não dá para andar a financiar os gastos do estado.

Punidos sem pensões
Os factos remontam ao dia em que cinco moradores de Noain, entre os quais 3 pessoas com mais de 70 anos, vieram para a rua colar cartazes eleitorais. A Polícia municipal desta localidade navarra decidiu então deter estas cinco pessoas, tendo-as deixado sair em liberdade algumas horas depois, de forma provisória. Mas, como acontece muitas vezes nestes casos, as coisas não ficaram por aqui. Foram-lhes impostos diferentes tipos de fianças, de acordo com as suas idades. As punições consistiram em apropriar-se dos salários que os jovens recebiam mensalmente e, no caso dos mais velhos, não lhes passou outra coisa melhor pela cabeça do que puni-los com o embargo das suas pensões de reforma, fruto de muitos anos de trabalho.

A pergunta que agora muitos fazem é se o magistrado que terá a seu cargo o julgamento do que tão claramente se evidencia como mais um episódio do afã de certos elementos policiais em incomodar um sector concreto da sociedade navarra, devidamente auxiliados por uma legislação – e por quem a aplica – cujas características não escapam a ninguém neste país, será capaz de decretar prisão pela participação num processo eleitoral ou, quem sabe, se decidirá que os descontos efectuados durante décadas de trabalho por estas pessoas se hão-de juntar às quantias embargadas por outros juízes a muitos cidadãos bascos.

Zuriñe ETXEBERRIA

Fonte: Gara