segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Palestina e Euskal Herria, dois povos irmãos


O Estado israelita, tal como o espanhol, não actua sozinho. Conta com fortes cumplicidades internacionais e com o mercenarismo local. Abu Mazzen – personificação de todos os colaboracionistas – foi a voz palestina do sionismo.

Muito se tem dito sobre o holocausto palestino. E, embora as análises fizessem referência ao Médio Oriente, algo do que ouvimos nos soa a familiar nestas latitudes.

Repetiu-se – lá como cá – que a intervenção cruenta do Estado não era contra o povo, mas contra o terrorismo e os que o justificam; que é a actuação provocadora dos grupos violentos que dá argumentos à repressão estatal (como se o imperialismo necessitasse de pretextos para impor a sua brutalidade); que são os “terroristas” – cainitas e suicidas – os que estão a imolar o seu próprio povo; que a denúncia da violência tem que ser feita a partir da equidistância, já que tão violentos são os bombardeiros israelitas como os petardos palestinos... Todas estas mensagens, preparadas e divulgadas pelo sionismo, tinham dois objectivos concretos: converter a vítima em verdugo e ocultar a verdadeira raiz do conflito (não se passa algo de parecido por aqui?). Leila Said, representante da Aurorita Palestina na Europa, faz uma análise certeira. “Israel nega a existência de um povo, está a esmagá-lo porque não quer reconhecer que esse povo tem direito a viver. Israel (apenas?) continua convencido de que a reivindicação nacional dos palestinos pode ser esmagada pela força militar. Passaram 60 anos e esse recurso não funciona. O povo palestino não baixou os braços e continua a existir”. Perante esta evidência, Olmert reiterava mensagens que nos são familiares: “Alcançámos muitos dos nossos objectivos, mas peço-vos paciência para poder chegar ao fim”.

O Estado israelita, tal como o espanhol, não actua sozinho, Conta com fortes cumplicidades internacionais e com o mercenarismo local. Abu Mazzen – personificação de todos os colaboracionistas – foi a voz palestina do sionismo: sempre a desculpabilizar este e a culpabilizar os seus compatriotas resistentes por tudo; interlocutor permanente dos agressores para lhes sugerir por onde devem atacar e para unir estratégias ou mensagens. Reprimiu os palestinos que se mobilizavam em solidariedade com os seus irmãos com mais rigor que os próprios sionistas. Todos os «mazzen» temem perder o controlo da situação que lhes foi delegada e vivem obcecados com o cumprimento dos obscuros compromissos que assumiram com os seus patrões. O traidor Abu esperava e desejava que a resistência de Gaza fosse liquidada para poder recuperar, com a ajuda sionista, os espaços perdidos (o repugnante cálculo dos mercenários perante a ilegalização de candidaturas). Se o seu povo já lhe tinha aversão por corrupto, agora despreza-o por traidor, que ambas as misérias costumam andar de mãos dadas.

A resistência palestina mantém aberta a estratégia dos rockets, mas mantém muito mais aberta a estratégia de negociação. Segundo Norman Finkelstein, especialista na matéria, “o Hamas está empenhado, com a maioria da comunidade internacional, em chegar a um acordo diplomático; neste ponto, Israel enfrenta o que eles mesmos chamam uma ofensiva de paz palestina; para derrotar esta ‘perigosa’ ofensiva, tenta desmantelar o Hamas”.

Jesus VALENCIA