sexta-feira, 26 de junho de 2009

Moradores de Iruñea querem retirar o nome de um fascista a uma praça pública


Seria a actual Plaza Conde de Rodezno, o sinistro personagem na história de Iruñea; propõem alterar a designação para Plaza La Fuga del Fuerte-Ezkabako ihesaldia, em homenagem aos presos antifranquistas.

“Seria conveniente reutilizar esta praça e sala de exposições dedicadas até agora a enaltecer os golpistas e criminosos de guerra, e destiná-la à homenagem pública daqueles que sofreram esses horrores”. Com estas palavras, Carlos Martínez, da associação «Pueblo de las Viudas», de Sartaguda, deu ontem a conhecer a iniciativa que, juntamente com outros nove colectivos de cidadãos, vão apresentar no Município de Iruñea [Pamplona] para que se mude o nome à Praça Conde Rodezno, porque “os políticos e os militares ligados ao fascismo e à violação dos direitos humanos não podem ter nenhum lugar de reconhecimento público na nossa cidade”.
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Para alertar os cidadãos e pedir-lhes que secundem esta iniciativa, os dez colectivos proponentes convocaram uma concentração festiva para este sábado, dia 27 de Junho, às 19h30, na Praça Conde de Rodezno: “No dia 27 devemos estar na praça por todos aqueles e aquelas que lutaram por um mundo mais justo”, disse Ana Barrena, da «Memoriaren Bideak».
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Os colectivos consideram que Barcina “faz coisas estranhíssimas para não cumprir a lei”, quando a sua obrigação seria a de “eliminar todos os símbolos franquistas, porque ferem os sentimentos das pessoas, que, ainda hoje, continuam a sentir a falta de reparação”. Desta forma, propuseram que a actual Plaza Conde de Rodezno se chame Plaza de la Fuga del Fuerte - Ezkabako ihesaldia, em homenagem aos que “foram perseguidos pelas suas ideias e viram as suas vidas alteradas pelo levantamento franquista”. Porque a mudança de nome deve significar “uma requalificação social e democrática do espaço urbano”, uma praça “para a liberdade, a justiça e os direitos humanos”.
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As obras no forte de Ezkaba
Na conferência de imprensa, Iñaki Alforja, da «Eguzki» Bideoak, também realçou as obras que se fizeram no forte de Ezkaba, sendo que o Ministério da Defesa retirou “os muros do pátio da prisão” e demoliu aqueles que o assinalavam enquanto presídio, de forma a “apagar as marcas daquilo que foi”, uma actuação que, em seu entender, fere a Lei do Património Cultural. O forte é um Bem de Interesse Cultural e só se pode intervir nele se as obras ajudarem a ter uma perspectiva histórica mais ajustada, “e não a eliminá-la”.

Fonte: kaosenlared.net

Ver também: «Familiares de fuzilados, insatisfeitos com o enfoque dado nas visitas a Ezkaba», em Gara

Ver também: «O Governo navarro mostra Ezkaba como forte e não como prisão», em Gara (7/6/2009)
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Entretanto, em Berriozar foi prestada homenagem a 47 prisioneiros de Ezkaba, provenientes de todo o Estado espanhol, que foram assassinados ou morreram de doença entre 1936 e 1945, e que foram enterrados no cemitério desta localidade navarra.