quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Os desportistas bascos colocam mais uma pedra na construção do seu futuro

Se há alguma coisa em Euskal Herria que pode ser considerada popular, além da gastronomia, é o desporto. Milhares de aficionados, amadores e profissionais, praticam diariamente todo o tipo de disciplinas desportivas. Da mesma forma que escolheram o desporto que queriam praticar, agora exigem poder fazê-lo defendendo o país de que são cidadãos, Euskal Herria.
O surfista e professor Mikel Troitiño fez de apresentador no acto que decorreu na segunda-feira em Durango (Bizkaia), no qual várias dezenas de desportistas fizeram um apelo aos restantes desportistas bascos e à sociedade em geral no sentido de participarem no festival que, no próximo dia 27 de Dezembro, terá lugar no Velódromo de Anoeta, em Donostia. O objectivo não é outro senão reivindicar o direito dos desportistas de Euskal Herria a representar o seu país, assim como dar mais um passo na organização de quem pratica desporto e partilha essa perspectiva.

Apesar de para muitos o dia ser feriado e de outros terem tido que treinar na parte da manhã, cerca de sessenta pessoas ligadas ao desporto deslocaram-se até Plateruenea para tornar público o seu compromisso com uma iniciativa em que os desportistas são os verdadeiros protagonistas. Alguns deles aproveitaram a viagem para dar um salto à Feira do Livro e do Disco.

Aberto a toda a gente
Depois de agradecer aos presentes a sua participação, Troitiño deixou nas mãos de Miren Urkiola a leitura do manifesto que constitui a base da convocatória do Velódromo.
Convém recordar que a harrijasotzaile biscainha chegou a Durango depois de ter alcançado, no sábado passado, um novo recorde no levantamento da pedra, ao erguer a pedra rectangular de 125 quilos três vezes num espaço de cinco minutos. Troitiño, por seu lado, é autor, entre outros, dos DVD de iniciação e aperfeiçoamento de surf editados pelo Gara.

Desta forma, antes de dar início propriamente à apresentação, os porta-vozes da iniciativa já representavam alguns dos elementos que a caracterizam: estar aberta a quem pratica toda o tipo de desportos, desde os mais tradicionais até aos mais modernos, e tanto os que são seguidos por muitíssimos adeptos como os que são acompanhados por um pequeno grupo de pessoas; que tanto mulheres como homens de todas as idades podem participar; que quem aderiu a esta iniciativa provém dos sete herrialdes de Euskal Herria; e, por último, que não se trata de uma proposta feita exclusivamente por e para profissionais do desporto. Isto é, estar ligado à prática do desporto e ter Euskal Herria como referência são as únicas condições que os participantes partilham. A partir daí, tudo é diversidade.

Manifesto de três pontos
Tal como recordaram os promotores do Kirolharria, o Natal tornou-se nos últimos anos na época em que os desportistas bascos se juntam para reflectir sobre a sua situação e a sua problemática. Ligado muitas vezes ao debate sobre as selecções e especialmente ao caso do futebol, e conscientes de que esse debate representa apenas a ponta do icebergue da necessidade de se unirem para defender os seus interesses e os seus direitos, os desportistas fizeram um esforço no sentido de alcançarem um texto que englobasse as suas exigências básicas.

O manifesto lido por Miren Urkiola conta com três pontos que abrangem o acordo básico a que chegaram os promotores, um consenso em que se baseia a convocatória para o Velódromo de Anoeta. Trata-se, tal como comentava um dos participantes, de «algo muito básico com que, em princípio, qualquer desportista basco pode estar de acordo».

O primeiro ponto expressa a necessidade de, também quando se faz desporto e tendo em consideração Euskal Herria, ter a possibilidade de participar como cidadãos e cidadãs bascas. O segundo ponto reivindica o direito dos signatários a participar a nível internacional, tanto individualmente como colectivamente, representando oficialmente Euskal Herria, a sua terra. E o terceiro admite a necessidade de estruturar algum mecanismo que reúna os desportistas dos sete herrialdes e afirma o compromisso dos signatários na tentativa de pôr em marcha esse mecanismo.

Adesões na Internet
Até ao momento, o Kirolharria recebeu mais de 1200 assinaturas, entre as quais se contam desde jogadores de futebol de elite até equipas inteiras de futebol de praia feminino, treinadores dos mais variados desportos, arraunlaris [remadores], equipas de sokatira [jogos de corda], surfistas amadores e profissionais, pelotaris, korrikalaris [corredores]... Todos eles convergem numa ideia comum: enquanto desportistas, têm direito a reivindicar e representar o seu país, tal como o fazem os outros desportistas do mundo.
Daqui a alguns dias darão a conhecer o programa que estão a ultimar para o encontro de 27 de Dezembro em Donostia, domingo, que terá início às 17h30.

Iñaki SOTO
Fonte: Gara