terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Em Iruñea, a Polícia carregou sobre uma mobilização sindical e fez pelo menos 25 feridos

Tasio

A Polícia espanhola provocou mais de 25 feridos numa carga contra as pessoas que participavam na mobilização em frente ao El Corte Inglés de Iruñea [Pamplona], durante a jornada de greve contra a abertura de estabelecimentos comerciais aos domingos e feriados. De acordo com os sindicatos, que pedirão responsabilidades pela actuação «desproporcionada e injustificada», a carga surpreendeu inclusive as patrulhas que vigiavam os sindicalistas desde as primeiras horas da manhã.

A jornada de greve convocada no domingo no comércio de Nafarroa contra a abertura aos domingos e feriados ficou marcada por uma intervenção policial que causou mais de 25 feridos, na sequência de uma carga contra os sindicalistas que se concentraram nas imediações do El Corte Inglés de Iruñea, empresa que, juntamente com a Decathlon e a Media Markt e mais alguns estabelecimentos do centro comercial Itaroa, decidiu abrir as suas portas.

Os sindicatos convocantes, ELA, LAB, UGT e CCOO, decidiram juntar forças nos piquetes do El Corte Inglés desde as 8h. A manhã decorria com certa normalidade, com o piquete, que chegou a reunir 600 pessoas, a ser vigiado por patrulhas policiais em cada uma das quatro portas do El Corte Inglés e fazendo ouvir palavras de ordem como «Ésta es la dictadura de El Corte Inglés» ou «Mis festivos no se trabajan».

«Estivemos a informar os trabalhadores para que exercessem o seu direito à greve e dissemos às pessoas que não fossem fazer compras. Muitos tiveram de ir trabalhar sob ameaça de despedimento», referiu Saúl Arangibel, responsável do LAB-Merkataritza.

Pouco antes das 12h chegaram mais quatro patrulhas policiais, que começaram a carregar «sem haver qualquer provocação. Em nenhum momento entrámos lá dentro», disse Arangibel.

O sindicalista relatou ao Gara que até os polícias que se encontravam à entrada das portas não sabiam o que se estava a passar. «Um comandante esteve aqui toda a manhã, à paisana. Desapareceu durante vinte minutos e apareceu vestido de polícia com outras furgonetas», referiu. «Chegaram a toda a velocidade, abriram as portas e começaram a bater em toda a gente. Quando os seus companheiros viram que vinham com estes propósitos, começaram também a carregar», prosseguiu.

O resultado da carga foram mais de 25 feridos, que tiveram de receber assistência em diversos hospitais e centros de saúde de Iruñea, em virtude das contusões, das quedas e sobretudo das cacetadas bastante fortes, «que deram também a pessoas mais velhas. Eu assisti uma pessoa já com mais de sessenta e a quem deram três ou quatro valentes cacetadas, que até a um jovem seriam difíceis de suportar. Penso que continua hospitalizada», disse Arangibel, à tarde. Depois da carga, o piquete permaneceu em frente ao centro comercial até perto das 13h.

Às 17h voltou-se a formar, com umas 300 pessoas e sem mais intervenções da Polícia. A greve prosseguia ontem, com mobilizações centradas nos estabelecimentos comerciais que abriram no domingo e uma concentração prevista para as 18h no El Corte Inglés.

Responsabilidades
Os sindicatos ELA, LAB, UGT e CCOO denunciaram a carga «brutal, desmedida e injustificada quando estávamos a exercer o direito à informação sobre as razões da greve de maneira pacífica» e exigirão responsabilidades por esta actuação.

Consideraram a jornada como «altamente positiva», já que foi secundada pela maior parte dos trabalhadores e porque a maioria das grandes superfícies decidiu não abrir e «entender as razões sociais e de conciliação que os trabalhadores esgrimem para defender a 'abertura zero' aos domingos e feriados».

Também denunciaram ameaças aos trabalhadores por parte do El Corte Inglés, tendo reclamado a actuação da Inspecção de Trabalho perante possíveis represálias.

Na sequência, ver:
«A Delegação do Governo espanhol diz que foi uma "intervenção mínima"»
Fonte: Gara