quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Na morte de Jesús Lezaun


Reproduzimos a nota da nafarroan.com, deixamos um artigo que aqui traduzimos em Junho de 2009 e sugerimos a leitura de um belíssimo texto de Jose Mari Esparza.

«Morreu Jesús Lezaun, amigo e colaborador da nafarroan»
Jesús Lezaun deixou-nos. Pouco depois de nos despedirmos de Jorge Cortés Izal, faleceu outra das pessoas-chave para entender a razão da existência de uma Nafarroa rebelde que resiste à prepotente e autoritária Navarra foral e espanhola. Pessoas que nos ensinaram a lutar, mas também a sonhar. Exemplos de uma qualidade humana que em vão buscaremos nas manjedouras do poder, seja o poder económico, político, mediático ou eclesiástico. Rebeldes consequentes, formigas incansáveis. A geração que abriu o caminho que é já hoje o vasto caminho pelo qual vamos continuar a caminhar em direcção a uma outra Nafarroa, a uma outra Euskal Herria.

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«As Prisões»
As pessoas não se preocupam muito com a grave questão das prisões. Seguramente não tanto como um amigo meu, Patxi Larraintzar, que já morreu há algum tempo, e que uma vez escreveu uma carta ao Director da prisão de Pamplona, oferecendo-se em troca de qualquer preso que ele quisesse. Naturalmente, o funcionário não aceitou a oferta, e mandou-o pentear macacos.

As prisões são, desde sempre, um gravíssimo assunto, a que já os profetas do Antigo Testamento dedicaram as suas profecias. Assim, Isaías dá como sinal para reconhecer o Messias vindouro a libertação das prisões. Jesus de Nazaré fez seus esses presságios ao apresentar-se como Messias libertador das cadeias da prisão.

Mas os cárceres estão aí, com o seu satânico afinco na destruição dos homens e das mulheres mais desprotegidos e necessitados.

Fez-se emblemática a prisão de Guantánamo, ideada pelo cruel desejo de um político desnorteado, Bush, o da grotesca guerra do Iraque. Também são famosas no mundo inteiro as prisões espanholas, mande quem ali mandar: o Franco do Forte de S. Cristóbal, Aznar ou o socialista Zapatero das prisões da dispersão. Nelas tritura-se os encarcerados com uma ferocidade demente, retorcem-se as leis de forma vingativa para que certos presos vejam transformadas as suas condenações em pena perpétua. Dizem que os poderes políticos empregam as prisões como instrumentos de regeneração do preso. Isso é uma tremenda mentira. As prisões e os que se servem delas não existem senão para aniquilar o preso, e mais ainda se é um inimigo político.

Escandaliza a terrível passividade da Igreja. Uma visita protocolar pelo Natal para manter as aparências e acabou. Com uma Igreja assim, o preso só pode pensar que o Messias ainda não chegou.

A democracia de um povo mede-se pelas suas prisões e pelos meios que se empregam nelas. Espanha é, não já uma débil, mas falsa democracia, uma ditadura dissimulada que se pega com os mais vulneráveis, sobretudo no que diz respeito ao Povo Basco. 800 presos políticos bascos sobre os quais se descarrega a vingança de todos os poderes são a acusação mais clamorosa dos que governam, que, como suprema razão, invocam que assim o Estado se defende daqueles que o querem destruir. A cumplicidade dos políticos de vocação e profissão é lacerante. E objectivo-mor: impedir que este pequeno povo possa ser ele mesmo e livre. Aí reside a solução para os males que nos acometem, ou, se quiserem, a solução democrática para o sofrimento de todos.

Jesús LEZAUN
sacerdote
Fonte: nafarroan.com

Sugestão de leitura:
«Lágrimas ateias por um cura», de Jose Mari Esparza, em nafarroan.com