quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Os detidos pela Ertzaintza afirmam que foram torturados


Fracturas nas costelas, contracturas musculares, agressões, ameaças, «alucinações e pressões constantes» e vigílias forçadas são alguns dos exemplos de maus tratos e tortura sofridos pelos sete cidadãos bascos detidos pela Ertzaintza na comarca de Lea-Artibai na semana passada e encarcerados depois de permanecerem cinco dias incomunicáveis.

Os sete cidadãos bascos detidos pela Ertzaintza na comarca de Lea-Artibai na semana passada e encarcerados depois de permanecerem cinco dias incomunicáveis denunciaram ter sido alvo de torturas físicas e psicológicas, e o Movimento pró-Amnistia avançou o testemunho de quatro deles.

Asier Badiola relatou que foi detido com grande violência e que levou um soco nas costas que lhe provocou duas fracturas nas costelas. O médico forense que o visitou na esquadra decretou que fosse levado para o hospital, onde foi informado que, além das fracturas, também sofreu uma deslocação da cartilagem.

Os médicos prescrevem a Badiola uma série de medicamentos que são entregues aos ertzainas, mas o jovem não recebe nenhum deles enquanto está na esquadra. «Pelo contrário, batem-lhe mais nas costelas», indica o relato que o Movimento pró-Amnistia fez chegar, antes de referir que o médico forense decreta uma nova ida ao hospital.

Badiola é submetido a um intenso interrogatório sem a presença de advogados e é alimentado com uma pasta que os interrogadores denominam «o soro da verdade». Após a sua ingestão, vê imagens parecidas com desenhos animados nas paredes, sente que o tecto lhe vai cair em cima e tem sensações de frio e calor.

Relata que sofre ameaças que envolvem o seu filho e a sua companheira, sendo-lhe dito que está grávida, e sublinha que as pressões são bastante duras.

Quando é presente ao juiz, denuncia maus tratos por parte da Ertzaintza. A mesma denúncia é efectuada por Xeber Uribe, que também foi levado para o hospital na sequência de uma contractura muscular que sofreu depois de ser obrigado a manter a cabeça agachada durante quase todo o período de incomunicação.

Durante o tempo que esteve em poder da Ertzaintza, mantiveram-no com a luz acesa e não o deixaram descansar. Foi submetido a interrogatórios constantes sem advogado e sofreu pressões relacionadas com familiares.

Urtza Alkorta também sofreu uma contractura muscular que a fez ir parar ao hospital, em virtude da postura forçada que foi obrigada a manter, e não a deixaram dormir. Também não a deixaram descansar, sendo constantes os ruídos e os gritos. Denunciou a tortura na presença do juiz.

Também não permitiram que Zunbeltz Bedialauneta dormisse, dando-lhe socos na cabeça e fazendo-lhe pressões e ameaças relacionadas com a sua companheira, dizendo-lhe que também tinha sido detida e que não a ia voltar a ver.

Outros dois detidos
Com a detenção, ontem à tarde, dos ondarroarras Olaitz Lema e Igor Martin, por ordem da Audiência Nacional espanhola, já ascende a nove o número de detenções feitas pela Ertzaintza no âmbito desta operação.

O vidente e conselheiro do Interior do Governo de Lakua, Ares, diz que «também acabarão na prisão».

Entretanto, em Ondarroa uma centena de pessoas reuniu-se no bairro de Kamiñazpi, onde vivem familiares dos detidos, e exigiram a sua libertação. As concentrações vão prosseguir enquanto o período de incomunicação perdurar.
Notícia completa: Gara

Dia 13 de Fevereiro é o Dia contra a Tortura.