terça-feira, 16 de março de 2010

Jon Anza apareceu morto em Toulouse - 3: o hospital avisou por três vezes a Polícia e a Procuradoria antes de Jon Anza morrer

Tasio (Gara)
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Rompeu-se o silêncio
As palavras de Kayanakis tiveram, já durante a noite, um efeito boomerang. Efectivamente, aludiu durante a conferência de imprensa ao «grande tamanho» do hospital para enquadrar, uma vez mais, a suspeita da culpa sobre o «curto-circuito» verificado na identificação do militante da ETA numa suposta negligência dos serviços administrativos do Hospital Purpan.

Contudo, na primeira reacção após as acusações dirigidas a esse serviço, o Hospital Purpan emitiu às 20h30 um comunicado público em que afirma de maneira taxativa que os seus responsáveis comunicaram à Polícia, no dia 30 de Abril de 2009, que na véspera tinha dado entrada no centro hospitalar occitano uma pessoa cuja identidade se desconhecia.

Tendo em conta o agravamento do estado do paciente, a direcção do Hospital Purpan pôs-se em contacto com o procurador de Toulouse, no dia 4 de Maio, para insistir na dificuldade que estava a ter para localizar os familiares desta pessoa.

Como essas solicitações não obtinham resposta, no dia 7 de Maio esse mesmo centro enviou uma ficha completa com a descrição de Jon Anza ao gabinete que tem as buscas de pessoas desaparecidas a seu cargo.

A revelação surge quatro dias depois de se saber que Anza tinha dado entrada nesse hospital a 29 de Abril de 2009 e falecido ali a 11 de Maio do mesmo ano sem que os esforços da sua família para o encontrar, primeiro, e as «intensas pesquisas», depois, - nas palavras de Kayanakis - da Polícia Judiciária permitissem localizar o ex-preso político basco.

Em apenas três horas, o anúncio do Hospital Purpan provocava um volte-face fundamental no caso Anza que, dada a sua magnitude, não podia ser alheio ao conhecimento da procuradora. À espera do que aconteça nas próximas horas, algo fica claro: o silêncio rompeu-se e Kayanakis fugiu do caso.

Notícia completa: Gara