sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Udalbiltza, associação de eleitos criada em 1999, foi ilegalizada há sete anos


Foi há sete anos que a Udalbiltza foi ilegalizada em Hego Euskal Herria [País Basco Sul] pela justiça espanhola e pelo juíz Baltasar Garzón. A Udalbiltza é uma associação de eleitos que tem por missão juntar os eleitos do País Basco Norte e Sul. Qualificada pelos seus promotores como «instituição nacional», foi criada em 1999 no Palácio Euskalduna, em Bilbo, onde mais de 1800 representantes eleitos dos sete territórios de Euskal Herria e de todas as tendências políticas abertzales se reuniram.

Ontem, vários eleitos de Ipar Euskal Herria, entre os quais Ruben Gomez, autarca de Liginaga-Astüe, Maité Etxeverria, vereadora de Ozaze-Zühara, e os eleitos Thérèse Halsouet (Urruña), Luxi Oxandabaratz (Gamarte) e Battit Amestoy (Uztaritze), fizeram questão de abordar a situação e de reafirmar o seu apoio. Sete anos após a ilegalização, houve concentrações em frente a diversas Câmaras Municipais. A justiça espanhola, por intermédio do juiz B. Garzón, baseou-se num alegado vínculo «social e financeiro» entre a Udalbiltza e a ETA para levar a cabo esta ilegalização. E, sete anos depois, vinte e dois membros ou assalariados desta instituição estão ainda indiciados e à espera de julgamento, sem data marcada.

As penas pedidas oscilam entre os dez e os quinze anos de prisão para cada um. Os eleitos recordaram quais eram os objectivos da Udalbiltza: a reivindicação de Euskal Herria como nação, a contribuição para a construção da estrutura política de Euskal Herria, num espaço comum, o trabalho em prol da construção nacional, o desenvolvimento das relações entre todas as autarquias, e a reivindicação do País Basco como nação própria e diferenciada a nível internacional.

400 000 euros para Zuberoa
Em Ipar Euskal Herria, a Udalbiltza contribuía na ajuda às ikastolas, à Udaleku, Arrapitz e à Euskal Irratiak. Foi criado um fundo de apoio ao desenvolvimento para o herrialde de Zuberoa no valor de 400 000 euros, hoje confiscados pela justiça espanhola.
Xarlo Etxezaharreta, preso em Setembro de 2003, faz parte dos 22 processados neste caso. Passou seis meses na prisão, tendo saído depois de ter pago uma caução de 70 000 euros. Quando foi detido, era vereador em Hazparne. «Se a Udalbiltza é terrorista, por que é que foi sempre declarada e autorizada no Estado francês? O postulado da justiça espanhola é que Udalbiltza tem objectivos políticos, a ETA também, e, dessa forma, somos terroristas. É uma argumentação que nos pode levar muito longe! O argumento do financiamento é difícil de aprofundar, já que a Udalbiltza foi financiada por instituições. Mas nós somos incómodos, a partir do momento em que mostremos vontade de tomar os nossos assuntos nas nossas mãos e deixemos Madrid ou Paris de lado. Não existe crime, não há financiamento oculto. Foi a mesma coisa com o Egunkaria ou os partidos políticos. Agora, parece que o céu está a clarear, o que poderia possibilitar o equilíbrio. Que Madrid ponha fim aos processos!», afirmou X. Etxezaharreta. Hoje, a Udalbiltza encontra-se dividida, uma outra associação, a Udalbide, também reúne municípios bascos. No nosso jornal, o dirigente do PNV Joseba Egibar afirmava «que, quando a luta armada foi retomada (aludindo ao fim do cessar-fogo da ETA em 2000), tudo tinha sido deitado por terra.» Para a Udalbiltza, «os mecanismos entre partidos são uma coisa, as relações entre eleitos são outra.»

Béatrice MOLLE
Fonte: le_journal_Pays_Basque-EHko_kazeta