terça-feira, 18 de maio de 2010

Netos de Pancho Villa, Zapata e Sandino pedem uma mudança democrática em Euskal Herria

O Museu de Simón Bolívar, na localidade de Ziortza-Bolibar (Bizkaia), foi no domingo o palco de um acto repleto de simbolismo, em que descendentes directos dos revolucionários Pancho Villa, Emiliano Zapata e Augusto César Sandino reivindicaram «uma mudança democrática que tenha como princípio básico a justiça social» e enviaram, acompanhados por militantes históricos da esquerda abertzale, «uma saudação fraterna ao povo basco», com o reconhecimento pela sua luta. A localidade natal de Simón Bolívar, considerado em muitos países latino-americanos como «o grande libertador», acolheu no domingo um acto simples mas simultaneamente repleto de simbolismo. Tomás Villa Córdoba e Isaías Manuel Manrique Zapata, netos dos revolucionários mexicanos Pancho Villa e Emiliano Zapata, juntamente com Walter Castillo Sandino, descendente de Augusto César Sandino, estiveram presentes no museu erigido em Ziortza-Bolibar em honra do caudilho da independência sul-americana, na companhia de militantes da esquerda abertzale como Tasio Erkizia, Txomin Ziluaga, Edurne Brouard, Karmel Etxebarria e Izaskun Larreategi, para manifestar a sua simpatia pela causa emancipadora da maioria social de Euskal Herria e reivindicar uma mudança democrática para o país.

Erkizia encarregou-se de explicar o motivo da presença e de dar as boas-vindas aos familiares daqueles que ocupam um lugar destacado na História. «É uma honra para Euskal Herria contar com os descendentes directos de homens lutadores, de homens que fizeram história, e que irmanaram os pobres na luta pela libertação, tanto nacional como social», salientou.

O militante independentista lembrou as raízes bascas de Bolívar e o seu esforço para que uma boa parte da América rompesse com o jugo espanhol. Mas Tasio Erkizia não deixou por aí a relação entre Euskal Herria e aqueles povos, pois fez também referência ao asilo oferecido a uma importante colónia basca que fugia das consequências da contenda de 1936 e da vitória franquista. «Houve uma colaboração mútua em múltiplos momentos, por exemplo no País Basco, depois da guerra de 1936, fugiram para esses países e foram recebidos como irmãos na construção do seu futuro».

Em seguida, afirmou que Euskal Herria se encontra às portas do que pode ser outro momento histórico, «um momento crucial - referiu Erkizia -, muito importante, no qual queremos fomentar um processo democrático em que por vias políticas possamos conseguir que sejam respeitados todos os direitos deste povo; todos os direitos individuais e colectivos, como o direito a construir o seu futuro em total liberdade».

Por isso, não ocultou o seu agradecimento aos netos de Villa, Zapata e Sandino pelo seu gesto. «Agrada-nos a vossa solidariedade e o vosso desejo de que este povo encontre o seu caminho num Processo Democrático repleto de dificuldades mas cheio de esperança», confessou.

Depois da apresentação, carregada de mensagem política, tomou a palavra Marbelly Castillo, esposa de Walter Castillo Sandino, para proceder à leitura de uma breve mas sentida mensagem dos descendentes dos revolucionários americanos, da «bendita terra da descendência do grande libertador Simón Bolívar» para o mundo. Nela, afirmaram a obrigação de perseguir «a unidade e a fraternidade entre todos os povos do mundo».

Em segundo lugar, «que é premente para toda a humanidade a exigência de uma mudança democrática que tenha como princípio básico a justiça social», e também para Euskal Herria enquanto parte dessa humanidade.

Lutar pela justiça
Nesta mesma linha argumentativa, os netos de Villa, Zapata e Sandino proclamaram no documento que «neste mundo, cheio de injustiça, ódio, fome e guerra, os nossos avós verteram o seu sangue e as suas penas para transformar os seus países em territórios onde o amor, a paz, a justiça e o pão fossem para a humanidade algo natural». Também não se esqueceram de mandar «uma saudação fraterna ao povo basco, com o reconhecimento da sua luta e da sua trajectória histórica».

Após os vivas pertinentes aos três revolucionários e ao povo basco, deram o acto por concluído, cujo grande simbolismo seria mais tarde realçado por Tasio Erkizia, mesmo com toda a simplicidade que o caracterizou. «Foi uma manifestação de solidariedade internacional com o processo que se está promover em Euskal Herria para encontrar uma mudança democrática, sem obviar - referiu o veterano independentista - o facto de que o fazem juntamente com militantes da esquerda abertzale».

«A história, representada pelos familiares destas figuras revolucionárias na América, une-se ao presente, à causa que pretende chegar a um caminho sem retorno, para que uma verdadeira democracia se afirme em Euskal Herria», acrescentou Erkizia. Para além disso, reiterou a importância dos laços que o México e Euskal Herria sempre mantiveram, em referência à presença dos descendentes de Villa e Emiliano Zapata «também nestes momentos-chave em que se vislumbra que a mudança é possível também aqui».

Agustín GOIKOETXEA
Fonte: Gara

Ver também: «Netos de Pancho Villa, Zapata e Sandino pedem uma mudança democrática e justiça social em Bolibar», em ezkerabertzalea.info