domingo, 27 de junho de 2010

A esquerda soberanista basca apela à greve numa conferência de imprensa unitária


Para EA, Aralar, Alternatiba e esquerda abertzale, a greve convocada pela maioria sindical está «plenamente justificada», em protesto contra um conjunto de medidas que «visam aproveitar mais uma vez uma situação de crise de um modelo de desenvolvimento económico esgotado» e que implicam uma maior facilidade de despedimento, e «um claro retrocesso nos direitos sociais e laborais dos trabalhadores e das trabalhadoras».

Crêem ainda que os cortes decididos fazem recair as consequências da crise «sobre os sectores menos responsáveis e por ela mais afectados, especialmente a juventude, as pessoas imigrantes e as mulheres».

Na conferência que deram em Donostia, Eva Aranguren e Santi Merino (EA), Niko Moreno e Miren Legorburu (esquerda abertzale), Ainhoa Beola e Oxel Erostarbe (Aralar) e Ander Rodríguez e Enrique Martínez (Alternatiba) criticaram o facto de o Governo espanhol e outros executivos europeus «estarem a ceder de forma vergonhosa às pressões dos mercados financeiros e grandes interesses empresariais que originaram esta crise», que, «longe de assumir os seus custos e a sua responsabilidade, aproveitam a conjuntura para impor medidas de cortes sociais e laborais».

Assim, consideram que nos últimos meses se deu «um retrocesso sem precedentes nos pilares básicos do estado do bem-estar como são a saúde e a educação públicas e a própria negociação colectiva», e uma «delapidação de conquistas que são consequência de uma longa luta histórica a favor dos direitos sociais, laborais e democráticos da cidadania».

Para além disso, crêem que a reforma laboral submete o mercado laboral «unicamente às necessidades dos grandes interesses empresariais, que irão dispor, a partir de agora, do despedimento livre e subsidiado», e afirmam que, «em vez de se criar emprego e reduzir a precariedade laboral, a posição dos trabalhadores e das trabalhadoras foi fortemente debilitada, face aos grandes interesses económicos, que a partir de agora gozarão de plena liberdade de acção e decisão» em matéria laboral.

«Agressão frontal à nossa soberania»
EA, Aralar, Alternatiba e esquerda abertzale insistiram na ideia de que, no caso de Euskal Herria, a reforma e os cortes adoptados representam ainda «uma agressão frontal à nossa soberania» e «a negação de facto» de um quadro próprio de relações laborais que têm vindo a reclamar.

«Os cidadãos bascos sofrem a imposição de um quadro estatal de decisão e diálogo social cujo modelo é mimeticamente transportado para a CAB e Nafarroa, não respeitando a realidade social, política, económica e sindical do conjunto de Euskal Herria nem a capacidade de autogovernação das nossas instituições», afirmaram.

Por isso, exigiram a abertura de «um novo modelo de diálogo» em Euskal Herria que permita abordar entre todas as forças políticas e sindicais «as medidas mais efectivas para dar resposta à crise, com base no respeito pelo âmbito basco de relações laborais e de protecção social», e instaram as instituições a «respeitarem a representatividade da maioria sindical basca».

EA, Aralar, Alternatiba e esquerda abertzale julgam ser necessária «uma grande resposta por parte dos cidadãos à convocatória de greve» e defenderam ainda que se entre numa fase de «mobilização contínua, não só vindo para as ruas, mas também fazendo um trabalho pedagógico necessário, disputando a hegemonia aos valores dominantes, mudando o discurso único e globalizador, apostando na necessidade de uma alternativa a este modelo económico e social depredador, e apostando num outro que tenha como centro o desenvolvimento integral do ser humano».

Fonte: Gara via kaosenlared.net