quinta-feira, 24 de junho de 2010

O repúdio pela «pena perpétua» aviva-se perante os 30 anos de «Gatza»


A dinâmica de luta empreendida pelo Colectivo de Presos Políticos Bascos prossegue entre fechamentos, jejuns e greves às comunicações em mais de vinte prisões espanholas e francesas. O seu objectivo é denunciar as situações mais graves, como a dos presos que cumpriram a pena ou a dos doentes, e mais ainda quando se avizinham os trinta anos de cativeiro do preso há mais na tempo encarcerado em toda a Europa: José Mari Sagardui, «Gatza».

Face à dimensão das agressões e violações que os prisioneiros e os seus familiares têm vindo a sofrer, o Colectivo de Presos Políticos Bascos iniciou em Janeiro uma dinâmica de luta «para fazer frente a esta cruenta política prisional». Após as lutas conjuntas de Janeiro e Fevereiro, a dinâmica de luta começou a ser rotativa em Março e, desde então, tem mudado de local todos os meses.

O testemunho da luta passa este mês pelos cidadãos e pelas cidadãs bascos encarcerados nas prisões de Puerto I, Puerto II, Puerto III, Ocaña I, Ocaña II, Sevilha, Segóvia, Castelló-Albocasser, Zuera, Herrera, Foncalent, Huelva, Logroño, Algeciras, Badajoz, Alcázar, Múrcia, Moulins, Lannemezan, Toulon, Clairvaux, Saint Maur, Rennes e Val de Reuil.

A uma semana do fim do mês e do fim destes protestos, o Movimento pró-Amnistia deu informações sobre o decorrer das lutas, insistindo na parte final prevista para algumas prisões. Deste modo, anuncia que os bascos encarcerados em Puerto II - que durante todo o mês estão a recusar o jantar que lhes é oferecido -, Puerto I-III e Alcázar se vão recusar a manter comunicações neste fim-de-semana. Entretanto, em Huelva, nos três últimos dias do mês vão realizar uma greve de fome.

Os fechamentos também são uma forma de luta utilizada nas prisões. Os bascos da prisão de Múrcia vão concluir amanhã o seu fechamento; e os de Rennes e Ocaña I, na sexta-feira. Os presos bascos encarcerados nas prisões de Sevilha, Castelló, Alcázar, Algeciras ou Toulon fizeram a mesma coisa na semana passada.

Através dos protestos, que vão das greves às comunicações até a jejuns e fechamentos, os presos políticos bascos procuram incidir «nas situações prisionais mais graves», que são as que vivem os prisioneiros que já cumpriram a pena e os que estão gravemente enfermos.

3 de Julho em Zornotza
Em apenas quinze dias o preso político há mais tempo encarcerado em toda a Europa, o zornotzarra José Mari Sagardui, «Gatza», voltará a atingir mais uma triste meta, quando cumprir três décadas de encarceramento. Fá-lo-á, além disso, a 730 km de Zornotza, na prisão de Jaén.

Os seus conterrâneos desejam que Gatza regresse quanto antes a casa e por isso o seu aniversário nunca passa desapercebido na localidade biscainha. Desta vez não vai ser excepção, e os motores já estão a aquecer para que a exigência de «Gatza askatu! Bizi osorako zigorrik ez!» [Liberdade para Gatza! Não à pena perpétua!] se oiça com mais força que nunca, trinta aos depois da sua detenção.

O encontro já marcado: sábado, 3 de Julho, às 13h00, na Praça Erreferendum. Logo de manhã, bem cedo, os habitantes de Gernika, Galdakao e Durango partirão dos seus municípios com destino a Zornotza em diversas marchas populares de apoio a este preso.

Na nota enviada pelo Movimento pró-Amnistia para dar conta desta convocatória, não são esquecidos os quase cem presos políticos bascos que estão a ser obrigados a seguir Gatza no seu longo cativeiro. Lembra-se, de maneira especial, Jon Agirre Agiriano, que em Maio último cumpriu 29 anos de prisão, apesar de se encontrar gravemente doente. Para além disso, também se faz referência aos 19 anos de cativeiro nas prisões francesas de Frederic Haranburu, Jakes Esnal e Jon Parot. A situação que vivida pelo irmão deste último, Unai, condenado por duas vezes por um mesmo delito a quatro décadas de prisão, é também denunciada com veemência pelo movimento anti-repressivo.

Aclara, neste sentido, que, apesar de todas as penas superiores a 20 anos de prisão serem habitualmente denominadas como «pena perpétua», para muitos dos presos políticos bascos estas medidas representam a «pena de morte».
Fonte: Gara