domingo, 16 de agosto de 2009

A Guarda Civil ocupou Tafalla antes do disparo do foguete mas não conseguiu estragar a festa


Foi o txupinazo mais tenso dos últimos anos. A Audiência Nacional espanhola tinha proibido de madrugada os actos de carácter reivindicativo, concretamente, o brinde a favor dos presos e o habitual ajuntamento das sextas-feiras, bem como a refeição pró-presos na parte da manhã. Pouco depois das 9h da manhã a Guarda Civil entrou no bar Azoka e duas horas mais tarde no bar Pasadizo, isto porque o brinde pró-presos tinha sido convocado para o Pasadizo de los Txistularis e o corpo armado confundiu-o com o estabelecimento referido.

Este último bar foi ocupado por dezenas de guardas civis, que comunicaram o seu encerramento. Isto gerou uma enorme tensão com os donos do bar e com os clientes, que se estendeu a outras partes de Tafalla (Nafarroa), numa altura em que faltava meia hora para o txupinazo.

Assim sendo, os vereadores da esquerda abertzale dirigiram-se à Câmara Municipal e a própria autarca, Cristina Sota (UPN), se moveu de forma a evitar o encerramento do bar Pasadizo, explicando que o estabelecimento e o local com o mesmo nome eram coisas diferentes.

Não obstante, o centro de Tafalla continuava totalmente tomado pelos «antidistúrbios», perante a estupefacção geral. Por fim, os esforços realizados pelo Município juntamente com a Delegação do Governo espanhol em Nafarroa deram os seus frutos e a Guarda Civil retirou para os quartéis quando faltavam apenas cinco minutos para as 12h.

A tensão vivida na rua passou também para o interior da Câmara Municipal, onde alguns vereadores foram insultados por munícipes. Por entre uma enorme crispação, Javier Ibáñez (Iniciativa por Tafalla) e o maratonista Ricardo Abad lançaram o foguete conjuntamente. Os vereadores do Nafarroa Bai e da esquerda abertzale exibiram ikurriñas desde a sede municipal. Estes últimos também mostraram uma grande bandeira com o mapa de Euskal Herria e o lema «Euskal presoak eta iheslariak etxera» [Os presos e os refugiados bascos para casa].

Apesar de a Guarda Civil se ter retirado momentos antes do txupinazo, as pessoas que enchiam a praça pensavam que ainda se encontravam na localidade, pelo que as festas, ainda no seu início, foram interrompidas. As três peñas de Tafalla - El Cierzo, El Aguazón e El Empuje - recusaram-se a iniciar o tradicional desfile que se segue ao foguete, e, com elas, a Banda de Música, os gaiteiros e txistularis.

Os presidentes das peñas foram até à Câmara para manifestar o seu repúdio pela ocupação da localidade por parte da Guarda Civil, mas, ao verificarem que já se tinham ido embora, deram início ao cortejo festivo pelas ruas.

Brinde pró-presos
A tensão regressou às 13h, altura do brinde pró-presos no Pasadizo. Alguns moradores foram aí identificados por polícias à paisana, e a reacção das pessoas foi juntar-se de forma espontânea na Placeta de las Pulgas. Entre numerosas ikurriñas e bandeiras pró-presos, centenas de pessoas gritaram a favor da independência e exigiram que as forças policiais espanholas «se fossem embora».
Estas não apareceram no lugar e o brinde a favor dos presos decorreu sem incidentes de qualquer tipo.

Iñaki VIGOR

Fonte: Gara
Tasio (Gara) [«esorregatiq» - brincadeira com «ez horregatik», «de nada»]

Em Bilbau, a Ertzaintza entrou numa herriko taberna e levou fotos, cartazes e camisolas
Também na sexta-feira, a Ertzaintza entrou numa herriko taberna de Bilbau, de onde levou 12 fotografias de presos políticos bascos do bairro, cartazes e camisolas, e pediu a documentação à pessoa que nesse momento ali estava a trabalhar e também a um dos clientes, de acordo com a Kirruli Kultur Elkartea, a associação responsável pelo estabelecimento inspeccionado.
Na versão do departamento do Interior de Lakua, foi identificada a pessoa responsável pelo estabelecimento no momento da intervenção, que ocorreu às 18h, e foi aberto um processo por «um alegado delito de apologia do terrorismo».
Fonte: Gara