quinta-feira, 15 de outubro de 2009

ELA, Egibar, Aralar, EA e Sinn Féin vêem uma intenção perversa subjacente à acção do Estado espanhol


A desculpa oficial de que a operação de terça-feira pretendia impedir uma reorganização do Batasuna dirigida pela ETA, como declara o ministro do Interior, não convenceu importantes sectores políticos e sociais bascos. ELA, Aralar, EA, AB e também Joseba Egibar, presidente do GBB [PNV de Gipuzkoa], mostraram-se convencidos de que a operação policial pretende evitar um movimento da esquerda abertzale e chegaram mesmo a referir que o Estado age com uma intenção perversa de forma a evitar um novo cenário em Euskal Herria. Neste mesmo sentido se pronunciou a eurodeputada do Sinn Féin, Bairbre de Brún.

O sindicato ELA fez uma declaração pública em que afirma que «quem ordenou estas detenções de dirigentes políticos da esquerda abertzale agiu em resposta a impulsos políticos e não quer uma solução; não deseja que se percorra o caminho necessário para chegar a uma solução para o conflito político».

Tal como o ELA, o Aralar considerou necessário dar uma resposta a estas detenções. O seu vice-coordenador, Jon Abril, compareceu perante a comunicação social, acompanhado por outros dirigentes do partido, para apelar à união de forças na denúncia da operação policial.

O Eusko Alkartasuna reuniu ontem a sua Executiva para analisar a situação criada com as detenções e anunciou a convocação extraordinária da sua Assembleia Nacional para analisar com os seus membros «a situação criada e determinar as iniciativas a levar a cabo».

Joseba Egibar, porta-voz do PNV no Parlamento de Gasteiz nas últimas semanas e presidente do GBB [PNV de Gipuzkoa], deu mostras de saber alguma coisa sobre o que se passava no seio da esquerda abertzale e ontem, respondendo a uma chamada da Radio Euskadi, não hesitou em afirmar que quem promoveu esta operação «não quer que a ETA desapareça». Em seu entender, a operação policial pretende evitar que a vida política de Euskal Herria se normalize, porque foram presas pessoas que apostam em vias pacíficas em vez «da luta armada».
Já o enfoque dado à situação pelo presidente do partido, Iñigo Urkullu, foi bastante diferente.

Também o Abertzaleen Batasuna denunciou «com firmeza» as detenções, e perguntou se Madrid está realmente interessada em encontrar uma saída política para o conflito, se todos aqueles que pretendem organizar-se politicamente são delinquentes para o Governo espanhol e se é conveniente para o Executivo que todas as ideias estejam realmente presentes no debate.

Os ecos da actuação do Governo espanhol atravessaram as fronteiras e a eurodeputada do Sinn Féin, Bairbre de Brún, recordou que a sua formação defendeu a necessidade de ressuscitar o processo de paz basco» e afirmou que «a ilegalização do Batasuna, juntamente com o encarceramento contínuo de representantes políticos, não ajuda em nada».
Para o Sinn Féin, «a detenção por parte do Governo espanhol de Arnaldo Otegi como líder do Batasuna juntamente com outros nove membros do partido é um passo atrás e tornará muito mais difícil o processo de reconstrução e os esforços para dar um novo ímpeto a um processo de paz duradouro».
Também NaBai, Hamaikabat!, Ezker Batua, Corriente Roja, Alternativa e a CGT apresentaram reacções públicas contrárias às detenções, bem como o colectivo Lokarri, entre muitos outros agentes. As CCOO, por seu lado, defenderam «que se preserve vias que facilitem a normalização política do país».

[Na sequência:]
«Rubalcaba anuncia que continuará a perseguição»
Notícia completa: Gara