quarta-feira, 14 de julho de 2010

Instituição nacional num tribunal estrangeiro


O julgamento que terá início esta quinta-feira na Audiência Nacional espanhola contra 22 cidadãs e cidadãos bascos vem a ser o cúmulo da obcecada estratégia desenhada pelo Estado para tentar pôr um travão ao independentismo em Euskal Herria. Uma estratégia destinada ao fracasso porque o seu objectivo é tão inatingível como deter as marés. A Udalbiltza, a primeira instituição nacional com que este país contou, nasceu num momento concreto - 18 de Setembro de 1999 -, mas aquela conjuntura sociopolítica não é irrepetível, e isto sabe-o bem quem mexe os cordelinhos do poder em Madrid. Por isso, quando viram que cerca de dois mil cargos eleitos tinham aprovado a constituição da assembleia municipalista, decidiram apontar todas as suas baterias para esse alvo.

A descarga policial e judicial surgiu em Abril de 2003, nas vésperas das eleições municipais em Hego Euskal Herria [País Basco Sul] e quando a divisão entre as forças abertzales e progressistas que tinham dado impulso à criação da Udalbiltza se afigurava um precipício insuperável. Este último elemento é o que tem vindo a ser utilizado desde então pelas forças policiais, a Procuradoria e o juiz de instrução para criminalizar o independentismo basco, desta vez, criando a ilusão de que existem «duas Udalbiltza», uma «boa» e outra «má». Essa táctica deveria fazer reflectir alguns dirigentes políticos bascos sobre o alcance que determinadas decisões possuem a longo prazo.

Mas nas vésperas do começo da audiência oral pelo «caso Udalbiltza» cabe salientar que as aspirações nacionais da sociedade basca não diminuíram na última década, antes pelo contrário. Por isso, os processados pelo referido tribunal estrangeiro contam hoje também com o apoio da maioria dos cidadãos bascos, que consideram que Euskal Herria pode, e deve, contar com as suas próprias instituições nacionais sem pedir autorização a Madrid nem a Paris.
Fonte: Gara

Ver também:
«Este sábado, Euskal Herria fará ouvir a sua voz contra o julgamento da Udalbiltza» (fotos e dossiê), em boltxe.info