quarta-feira, 28 de julho de 2010

Jorge Rafael Videla está no Facebook

O ditador responsável por um dos períodos mais tenebrosos da história da Argentina, com milhares de pessoas assassinadas, desaparecidas e exiladas, está inscrito no Facebook. Ariel Sharon, que em 1981 autorizou os massacres contra a população palestiniana refugiada nos campos de Sabra e Shatila, também faz parte da rede social.

Ao invés, Arnaldo Otegi, o líder da esquerda abertzale que manteve «um discurso pela paz» (como reconheceu o próprio Zapatero, em 2006), acaba de ver suprimida a sua conta no Facebook pela segunda vez. Otegi contava com 4600 amigos e seguidores. Não só fecharam a sua página como também apagaram o seu perfil.

A empresa justifica a supressão argumentando que «o perfil de um usuário só pode ser administrado pelo titular do mesmo e não por terceiras partes ou representantes legais». Essa explicação não me convence. Como explicam que Sharon o Radovan Karadzic mantenham a sua página?

Esta empresa intangível formada por 500 milhões de usuários e usuárias, constitui o terceiro 'país' mais povoado do mundo, depois da China e da Índia. E suscita mais interesse que o tigre e o dragão, juntos ou em duelo. Os activos do Facebook (a sua vantagem mais competitiva) são as usuárias, adeptos, amigas e seguidores inscritos, e a informação que geram, bem como uma publicidade auto-referencial que se transfere - e transita - 'livremente' pela rede, graças à aplicação de técnicas e estratégias de marketing que «te ajudam a comunicar e partilhar a tua vida com as pessoas que conheces». É o Facebook um estado de direito virtual em que se pode exercer a liberdade de expressão?

Belén MARTÍNEZ
analista social
Fonte: Gara