segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sanferminak 2010: Bares populares: um recurso depois de a UPN ter proibido as «txosnas»


As txosnas desapareceram do San Fermín em 2002, depois de a UPN ter proibido a sua instalação. Durante os anos seguintes, o veto alastrou à tenda da Gora Iruñea! Desde então, os bares geridos pelos colectivos populares passaram a ser uma alternativa, embora reduzida e num espaço fechado, que procura manter o espírito de festas participativas, igualitárias e euskaldunes que tem acolhimento no programa oficial.

Passaram oito anos desde que a autarca de Iruñea, Yolanda Barcina, proibiu as txosnas [barracas] nas festas de San Fermín. Mas o que a equipa de governo da UPN não conseguiu foi acabar com os espaços festivos dinamizados pelo movimento popular. Como cantava Chenoa, «cuando tú vas, yo vengo». Desta forma, peñas e colectivos da capital de Euskal Herria apostaram em bares autogeridos para alargar «um modelo de festas participativas, igualitárias e euskaldunes», tal como refere uma das trabalhadoras do sala de jantar da Peña El Bronce, a cargo da Bai Euskal Herriari.

Embora este não seja o único local gerido pelos colectivos populares, que também puseram a funcionar o bar Jarauta, a cargo da Gora Iruñea!; a Bodegika, partilhada pelo movimento feminista e a Euskal Herriak Bere Eskola; o Depor, da Euskal Herrian Euskaraz; e o Pamplonica, nas mãos dos colectivos da Alde Zaharra.

«Não é a alternativa às txosnas, já que os bares são espaços mais pequenos e fechados, mas tornaram-se uma referência para as pessoas que quiserem conhecer a essência das festas de Iruñea», assegura. Estes bares procuram oferecer um espaço alternativo ao programa oficial, de acordo com qual um concerto de Los del Río é a melhor oferta para a capital de Euskal Herria.

Acabar com o modelo de festas popular e participativo era o principal objectivo da proibição das txosnas, mas não o único. O veto às que eram anteriormente conhecidas como barracas políticas também procurava estrangular economicamente muitos dos colectivos de Iruñea, que, com as receitas dos sanfermines, obtinham os recursos suficientes para se manter a funcionar durante todo o ano. Por isso, a opção dos bares permitiu aliviar os bolsos de colectivos habituados à penúria provocada pela tradicional avareza da UPN para com o movimento popular. Não obstante, «o objectivo económico não é prioritário», afirmam no El Bronce. Uma opinião partilhada pelos trabalhadores do Jarauta, que lembram que o local começou a funcionar «após a proibição por parte da UPN do espaço solicitado pela Gora Iruñea!».

Da mesma forma que as txosnas, os bares geridos pelos colectivos populares assentam no trabalho voluntário de dezenas de pessoas. «Começamos a montar uma semana antes do txupinazo», explica um membro da Gora Iruñea!, que esclarece que, entre as exigências de um bar, está também a de contar com cinco trabalhadores. O principal problema? Aquilo que nunca devia acontecer. Essa amnésia que ataca certos turnos na hora de dar apoio e que obrigam os que cumprem a permanecer em sessões-maratona.

Durante os últimos oito anos, a lista de bares de colectivos foi extensa. Nela se inclui o Baiona, que os jovens independentistas puseram a funcionar em 2002 e cujas instalações precárias provocaram acidentes como o que acabou com uma jovem a rolar pelas escadas abaixo, aterrando de boca para cima como Gregorio Samsa, o protagonista de A Metamorfose, de Kafka. Ou o revival de nove dias causado pela abertura para o San Fermín da mítica Aitzina Taberna.

Este ano, a Rua Jarauta (onde se situam El Bronce, bar Jarauta, Pamplonica e Depor) e a Aldapa (a Bodegika) são as referências festivas para o movimento popular.

Alberto PRADILLA
Fonte: Gara
No sábado, centenas de pessoas cantaram em euskara na Alde Zaharra de Iruñea, no âmbito da iniciativa «Sanferminetan kantari», organizada pela Orreaga Fundazioa. (Gara / Lander F. Arroyabe / Argazki Press)