sábado, 10 de julho de 2010

Julgamento na AN porque uma «testemunha» diz que ouviu gritar «Gora ETA»


Representantes dos sindicatos ELA, LAB e CNT, vereadores do Aralar e da ANV, representantes do EA, surfistas, jornalistas, actores e representantes de mais de uma quinzena de grupos e organismos de Zarautz (Gipuzkoa) apoiaram na quinta-feira os dois jovens que serão julgados no dia 14 na Audiência Nacional espanhola.
A única prova que existe contra eles é a denúncia feita por uma «testemunha protegida». Uma denúncia que a própria Ertzaintza põe em causa. Mas o caso segue em frente.


Tal como afirmaram na conferência de imprensa que moradores e representantes de distintos organismos deram ontem em Zarautz, «quando falamos da Audiência Nacional, a lógica não segue o seu curso». E não é para menos, tendo em conta que na próxima quarta-feira, dia 14, dois jovens de Zarautz terão de se sentar no banco dos réus do tribunal de excepção espanhol, acusados de gritar «Gora ETA» durante uma manifestação, com base, apenas, numa denúncia efectuada por uma «testemunha protegida», que assegura ter visto e ouvido gritar o citado slogan. E, apesar de a própria Ertzaintza ter refutado tal coisa, o julgamento vai decorrer à mesma.

Se a delação - baseando-se única e exclusivamente na afirmação de uma pessoa, sem apresentar qualquer prova - como elemento suficiente para sentar no banco dos réus dois zarauztarras se afigura no mínimo absurda, e perigosa enquanto precedente, não o é menos o pedido da Procuradoria espanhola.

É que o procurador da Audiência Nacional espanhola solicita, por um alegado delito de «enaltecimento do terrorismo», ano e meio de prisão para cada um dos imputados, dez anos de inabilitação para cargos públicos, o veto ao direito do sufrágio passivo e... cinco anos de desterro de Zarautz!

Na conferência de ontem, além de mostrarem o seu apoio aos dois imputados, denunciaram duramente este caso, que pode constituir um grave precedente para que a palavra de uma pessoa seja suficiente para julgar bascos no tribunal especial.

«É surpreendente que a palavra de um cidadão sirva para encarcerar dois zarauztarras. E surpreendente também que não apresente nenhuma prova e que sejam os denunciados a ter de provar a sua inocência com todo o tipo de provas», criticaram.

Ver, na sequência:
A Ertzaintza, que legalizou o acto, refuta que tenha sido assim

Fonte: Gara