terça-feira, 21 de junho de 2011

A Polícia retira-se de Baiona Ttipia depois de centenas de pessoas terem evitado a detenção de Aurore Martin

Mais de duas centenas de cidadãos mantêm-se em Baiona Ttipia, apesar de os CRS terem abandonado o local. Tudo aponta para que a detenção não seja efectuada hoje. Xabi Larralde, do Batasuna, pediu a Paris que «se junte à nova era aberta em Euskal Herria e que não aplique o mandado europeu a Aurore Martin». Questionado pelos jornalistas, o ministro francês do Interior, Claude Gueant, sublinhou que tanto a detenção de Martin como o mandado europeu serão executados.

Fotos da tentativa de detenção (Berria)

Fotos: Aurore e a dignidade do Povo Basco (kazeta.info)

A esquerda abertzale e o Aralar pedem a Paris que suspenda a aplicação do mandado europeu contra Aurore Martin

Entrevista de Aurore MARTIN ao Gara (19-06-2011)

«Aurore Martin reaparece em Biarritz apoiada por mais de 2000 pessoas», de Arantxa MANTEROLA

«Se o Estado francês quer aderir à nova era política aberta em Euskal Herria, pedimos-lhe que não execute o mandado europeu contra Aurore Martin», disse solenemente o porta-voz do Batasuna, Xabi Larralde, na conferência de imprensa que hoje à tarde ocorreu na Saint Andre plaza, em Baiona, onde ainda permanecem centenas de pessoas, que guardam Martin.

As patrulhas da Polícia francesa que circundavam as centenas de pessoas que ali se juntaram para proteger Aurore Martin começaram a retirar-se por volta das 16h30 (hora de EH) e nesta altura já não se vêem CRS. Tudo aponta para que a detenção de Aurore Martin não seja efectuada hoje.

No entanto, Anaiz Funosas, do Colectivo contra o Mandado Europeu, pediu às pessoas que permaneçam em Baionta Ttipia e que estejam atentas às mobilizações que vão ter lugar nas próximas horas e dias. Realçou ainda o facto de que «é neste momento que a unidade deve vir ao de cima e que se deve construir o tal muro popular» contra a repressão.

Aurore Martin, que também tomou a palavra na conferência de imprensa, agradeceu a reacção espontânea das dezenas e dezenas de pessoas que apareceram em Baiona Ttipia e a resgataram, literalmente, das mãos da Polícia francesa, quando já estava detida.

Cronologia dos eventos
A Polícia francesa tentou deter hoje, ao princípio da tarde, a militante do Batasuna Aurore Martin, contra quem pende um mandado europeu emitido pelo tribunal de excepção espanhol - Audiência Nacional - por causa da sua actividade política. A sua detenção só não se concretizou graças à reacção espontânea das pessoas em Baiona Ttipia, que protegeram Martin.

Cinco ou seis polícias à paisana e encapuzados apareceram ao princípio da tarde na casa da irmã de Aurore Martin, em Baiona, onde se encontrava, ao que parece.

Detenção violenta
Segundo o Gara pôde apurar, os agentes da Polícia francesa bateram à porta e, quando disseram quem eram, ninguém a abriu. Em seguida, a Polícia deitou a porta abaixo e procedeu à detenção de Martin, de forma violenta.

De acordo com testemunhas presenciais, Martin foi agarrada pelos pés e pelos braços, tendo sido levada dessa forma para a rua. No entanto, quando chegaram à rua, os polícias viram-se confrontados com grande o número de pessoas que ali se tinham concentrado e acabou por deixar Martin em liberdade.

A Polícia pediu rapidamente mais reforços, mas, face à rápida e espontânea reacção popular - a que se foi juntando cada vez mais gente -, não foram capazes de a prender.

Mais de duas centenas de pessoas mobilizaram-se rapidamente para proteger e apoiar a militante do Batasuna, e tanto os polícias de uniforme como os que apareceram à paisana se viram ultrapassados pelo grande número de pessoas que os rodearam, para evitar que a detenção de Martin se concretizasse.
Entre as pessoas que acorreram a Baiona Ttipia para a apoiar, encontravam-se vereadores da Câmara Municipal de Baiona e diversas pessoas conhecidas.

Aurore Martin fala à Info7 Irratia
A Info7 Irratia conseguiu falar a própria Aurore Martin, que contou como ocorreu a detenção.
«Estava na minha casa, bateram à porta e, como não a abri, deitaram-na abaixo. Entraram vários encapuzados em minha casa. Levaram-me pelas escadas abaixo agarrada pelos pés e pelas mãos. Então, apareceu muita gente para me proteger, e foi um momento muito violento, muito tenso», contou Martin.

«A certa altura, viram-se ultrapassados e foram à procura de mais polícias. Foi nesse momento que aproveitámos para vir para a rua. Em dez minutos, juntou-se uma multidão para me defender», prosseguiu.

«Os polícias disseram-me que estivesse calma, que tinham de efectuar a detenção, e não me ia acontecer nada. Que não tinham culpa, que só cumpriam ordens. Enfim, a história do costume», concluiu Martin. A entrevista foi concedida à responsável da kazeta.info, Maite Ubiria, e emitida pela Info7 Irratia.
Fonte: Gara