terça-feira, 22 de novembro de 2011

Na última sessão do julgamento, jovens navarros pedem ao Estado que admita que a tortura é utilizada

Nove jovens navarros que estão ser julgados no tribunal de excepção espanhol acusados de ser membros da Segi pediram aos «estamentos competentes do Estado» que reconheçam «que a tortura é utilizada e as suas consequências em determinadas operações policiais», pois só assim se poderá chegar a «uma verdadeira normalização».

Vídeo: Concentração de familiares dos processados em frente à delegação do Governo espanhol em Iruñea

«Vou ser breve. O nosso desafio pessoal com vista ao futuro e das pessoas que aqui estão será o de ultrapassar o ódio, o terror, o medo e a tortura que sofremos durante os cinco dias em que estivemos incomunicáveis», disse Alberto López Iborra, acusado de ser membro do Ekin, durante a última sessão do julgamento de nove jovens navarros, que agora ficam a aguardar pela sentença.

Perante o tribunal especial, o arguido sublinhou que seria «conveniente, positivo e necessário» para «uma verdadeira normalização que os estamentos competentes do Estado reconhecessem que a tortura é utilizada e as suas consequências em determinadas operações policiais».

Depois dele, tomou a palavra Luis Goñi, que também denunciou a existência de maus tratos em sede policial. «Para deixar as coisas claras, quando nos obrigaram a fazer as declarações, não era porque nós as quiséssemos fazer, foi algo que nos obrigaram a dizer – referiu. A mim, pessoalmente, obrigaram-me a dizer que Alberto López Iborra era membro do Ekin e, se me tivessem dito que era o homem do saco, eu também o teria dito», afirmou o arguido, para enfatizar que a única coisa que queria era «acabar com o inferno que estava a passar» durante o período de incomunicação.

A defesa pede a diminuição das penas
Perante o tribunal presidido pelo magistrado Javier Gómez Bermúdez, a defesa dos jovens processados – para quem o Ministério Público pede penas que oscilam entre os 8 e os 10 anos de prisão –, reclamou a sua livre absolvição, pois as investigações sobre estas pessoas iniciaram-se a partir de depoimentos efectuados em sede policial aos quais não atribuem validade e que não foram ratificados na presença do juiz.

Para além disso, os advogados consideraram «absolutamente desproporcionada» a pena de 10 anos de prisão solicitada pelo Ministério Público para Maider Caminos, e defenderam que o facto de o Ekin «não existir e se ter dissolvido por iniciativa própria» devia reduzir a pena.

O magistrado da acusação Luis Barroso solicita que Luis Goñi, Xavier Sagardoi, Aritz Azkona, Mikel Jiménez, Alberto López Iborra, Maider Caminos, Maitane Intxaurraga, Amaia Legarra e Noe López sejam considerados culpados de um crime de «integração em organização terrorista». / Fonte: Gara via ateakireki.com

Ver ainda:
«Sentencia contra jovenes por pertenencia a Segi», de Ezker Abertzalea (ezkerabertzalea.info)