terça-feira, 10 de setembro de 2013

Ministro do Interior foi a Leitza dizer que Nafarroa é Espanha e que a Guarda Civil lá continuará

Apenas uma semana depois de no Ospa Eguna se ter denunciado - e visto - como a presença da Guarda Civil em Altsasu é asfixiante, ontem o ministro espanhol do Interior, Jorge Fernández Díaz, foi até Leitza para proclamar que a casa Maxurrenea continuará a ser um quartel da Guarda Civil durante dez anos mais, pois chegou a um acordo com o Governo navarro. O Bildu, que considerou a visita uma provocação, recordou que a Maxurrenea se deve destinar a fins sociais e culturais.

O anúncio de «Leiza es Navarra y Navarra es España y la Guardia Civil seguirá estando en Leiza por mal que les pese a algunos», foi ontem feito por Fernández Díaz na localidade navarra de Leitza, acompanhado pela delegada do Governo espanhol em Nafarroa, Carmen Alba, do director-geral da Guarda Civil, Arsenio Fernández de Mesa, e de comandantes da instituição armada. Já o Executivo navarro, a quem pertence a Maxurrenea - casa ocupada pela Benemérita - primou pela ausência.

O edifício foi entregue em herança ao Governo para que nele se desenvolvessem actividades sociais ou culturais em prol dos habitantes de Leitza. Mas, quando Miguel Sanz era presidente, o Executivo da UPN decidiu entregá-lo à Guarda Civil por um período de dez anos, em 2002. Agora, ficou-se a saber pelo ministro espanhol que o Governo navarro decidiu prolongar a cessão do espaço por mais dez anos.

Em Junho, o Parlamento navarro aprovou uma resolução no sentido de que a Maxurrenea fosse utilizada para os fins que foram especificados na cessão do espaço por herança, ou seja, para actividades sociais e culturais. A UPN não quis saber.

O Bildu e, em concreto, o autarca de Leitza, Oier Eizmendi, consideraram que esta visita do ministro à Maxurrenea era uma provocação e exigiram a Madrid que aposte de uma vez por todas na resolução do conflito, em vez de insistir na presença da Guarda Civil numa localidade onde os habitantes não a querem - algo bem visível nas numerosas faixas com o lema «Maxurrenea herrintzat» [Maxurrenea para o povo] que ontem se viam em Leitza ou nos folhetos que proclamavam que o ministro não era bem-vindo.

Eizmendi efectuou estas declarações depois da assembleia popular que teve lugar na Praça de Leitza para protestar contra a visita do ministro. Os participantes decidiram ir em manifestação até à Maxurrenea para reclamar que o edifício é do povo e não da Guarda Civil. Contudo, agentes das forças repressivas impediram-nos de avançar. Assim, as pessoas dividiram-se em grupos de 19 [já se podem ajuntar!] para reivindicar a utilização sociocultural da Maxurrenea em vários pontos de Leitza.


«Maxurrenea herrintzat» ou «Alde hemendik, utzi pakean» eram as palavras de ordem mais gritadas por quem se mobilizou, que denunciava ainda o grande dispositivo policial que ontem se plantou em Leitza por causa da ministerial e estrangeira visita. / Ver: Gara