domingo, 31 de outubro de 2010

Milhares de pessoas manifestam-se em Donostia contra a tortura

Milhares de pessoas secundaram a manifestação que teve lugar ontem à tarde em Donostia para denunciar a «realidade oculta e silenciada» da tortura e exigir compromissos claros para a sua erradicação e «desmontar toda a rede que torna possível esta mácula».

A marcha partiu às 17h45 do túnel do Antiguo por entre aplausos e gritos de «Torturarik ez». Vítimas da tortura e seus familiares, representantes do TAT e familiares dos jovens independentistas detidos na última operação levavam a faixa. Muitos deles não conseguiram conter o choro.

A manifestação seguiu lentamente por entre a multidão que esperava para se poder juntar nos passeios do Kontxa Pasealuku. Duas furgonetas da Ertzaintza iam à frente, a uns 200 metros da faixa.

«Ez, ez, ez, torturarik ez» (não, não, não, tortura não), «herriak ez du barkatuko» (o povo não perdoará), «errepresioa ez da bidea» (a repressão não é o caminho) e «euskal presoak etxera» (os presos bascos para casa) foram algumas das palavras de ordem que os manifestantes fizeram ouvir.

Durante o trajecto, um grupo de pessoas representou diversos métodos de tortura como «o saco», a aplicação de eléctrodos ou «a banheira».

Em Donostia estiveram presentes, entre outros, representantes da esquerda abertzale (Jone Goirizelaia, Tasio Erkizia, Niko Moreno, etc.), do EA (Maiorga Ramírez) e do Aralar (Oxel Erostarbe, Rebeka Ubera), além de membros das organizações sociais e sindicais que apoiaram a convocatória, como a secretária-geral do LAB, Ainhoa Etxaide, e o do ELA, Adolfo Muñoz.

«Uma realidade oculta e silenciada»
A cabeça da manifestação chegou ao coreto do Boulevard pelas 18h35. Ali teve lugar o acto político, no qual os organizadores recordaram uma a uma as treze pessoas que nos últimos 50 anos morreram por causa da tortura, mencionando os seus nomes por entre os aplausos do público.

Ane Ituño e Lorea Bilbao (TAT) afirmaram que a tortura é «uma realidade oculta na nossa terra», cuja utilização «se decide às escondidas nalguns gabinetes de Madrid», e que «as centenas de testemunhos de tortura são sistematicamente escondidos e silenciados».

No entanto, salientaram que, com a manifestação de ontem e com os acontecimentos das últimas semanas – os julgamentos dos guardas civis e polícias acusados de torturar Mattin Sarasola, Igor Portu e Maite Orue –, a realidade da tortura veio a público e «demos passos importantes para superar de uma vez por todas esta violência brutal, desumana e sexista».

«Egoi Irisarri tem de ser a última pessoa hospitalizada depois de ser torturado na esquadra, não podemos permitir que os torturadores tenham impunidade para poderem enfiar mais algum saco na cabeça de um detido, nem permitir que as mulheres detidas continuem a sofrer humilhações e vexações sexuais», afirmaram.

Desmontar a rede
Para isso, consideraram necessário acabar com o regime de incomunicação e «desmontar toda a rede que torna possível esta mácula, a começar pelos gabinetes da Moncloa e a acabar nos calabouços da Polícia Nacional, Guarda Civil e Ertzaintza».

Os organizadores sublinharam que a tortura é uma decisão política e que acabar com ela tem de ser, como tal, uma decisão política. «Temos de obrigar os responsáveis políticos pela tortura a tomar essa decisão e isso requer trabalho», destacaram, ao mesmo tempo que exigiram compromissos claros e fizeram um apelo à denúncia e à mobilização.
Fonte: Gara

Mais fotos: ekinklik argazkiak

Ver também: «Uma multidão pede em Donostia o desaparecimento da tortura», de Gari MUJIKA e Maider EIZMENDI (Gara)

Milhares de pessoas nas ruas de Donostia para acabar com a tortura

Fonte: apurtu.org