terça-feira, 26 de outubro de 2010

Portu e Sarasola depõem já hoje em tribunal, depois dos rápidos depoimentos dos guardas civis


Igor Portu e Mattin Sarasola vão depor hoje em tribunal a partir das 9h30 no âmbito do julgamento dos quinze guardas civis acusados de os torturar e que se iniciou ontem na Audiência Provincial de Gipuzkoa. Na sessão de ontem, era a vez dos arguidos, e os seus depoimentos foram de tal forma rápidos que às 12h30 já tinham terminado. Todos seguiram a versão oficial segundo a qual os lesakarras tentaram escapar depois de serem identificados e as lesões que apresentavam se ficavam a dever ao uso da força que utilizaram para os prender.

O calendário do julgamento relativo à prática de tortura sobre Igor Portu e Mattin Sarasola foi alterado pela celeridade com que decorreram os depoimentos dos quinze guardas civis acusados de torturar os dois lesakarras.

Estava previsto que as três primeiras sessões da audiência oral fossem ocupadas pelos depoimentos dos agentes, mas às 12h30 já todos tinham acabado de depor. Nenhum deles quis responder aos advogados da acusação particular e, nalguns casos, o magistrado do MP e o advogado dos arguidos não quiseram fazer perguntas.

O primeiro a depor, já passava das 10h00 da manhã, foi o sargento que comandava a operação em que detiveram Portu e Sarasola, em 6 de Janeiro de 2008. Disse que efectuavam una operação de «vigilância» entre Elgeta e Arrasate e que «depararam» com os dois jovens, e que, depois de lhes pedir o Bilhete de Identidade e de os identificar, estes tentaram escapar.

Em consonância com a versão oficial, e em resposta ao magistrado do MP e ao seu advogado, disse que Portu teve de ser preso à força por ter resistido de forma violenta e que não suspeitaram que pudessem ser membros da ETA até terem inspeccionado as suas mochilas e encontrado duas pistolas. Negou que na transferência de Arrasate para Intxaurrondo, de Donostia para Lesaka ou de Donostia para Madrid tivessem agredido os lesakarras.

Os restantes nove agentes que se sucederam seguiram a versão do sargento e afirmaram que não viram marcas ou sinais de violência no corpo de Portu e que este não se queixou e respirava bem, apesar de ter duas costelas fracturadas. Atribuíram as suas feridas à «placagem» de que foi alvo durante a detenção.

No caso de Mattin Sarasola, os guardas que o custodiaram durante a transferência admitiram que o lesakarra tinha a cara vermelha e um olho violáceo.

Hoje, Portu e Sarasola
Concluídos os seus depoimentos, o presidente do tribunal, que é também o presidente da Audiência Provincial de Gipuzkoa, Iñaki Subijana, informou que Portu e Sarasola iriam depor hoje às 9h30, dois dias antes do previsto.
Depois, será a vez das testemunhas propostas por ambas as partes; na quarta-feira, em princípio, participarão os peritos e forenses e na quinta serão apresentadas as conclusões finais.

Pedidos das acusações
A Procuradoria pede três anos de prisão para dois dos guardas civis acusados, dois anos para outros dois agentes e dez anos de localização permanente para os seis restantes, além de indemnizações.
Por seu lado, a acusação particular solicita penas entre os 6 e os 17 anos de prisão para os guardas civis.

Mobilização do LAB em Lesaka
Coincidindo com as declarações de Portu e Sarasola em tribunal, o sindicato LAB convocou para hoje às 12h00 uma concentração na Praça de Lesaka contra a tortura, na qual estará presente a sua secretária-geral, Ainhoa Etxaide.

Fonte: Gara