terça-feira, 19 de abril de 2011

O Acordo de Gernika pede à ETA que reafirme o cessar-fogo e a Madrid e Paris que parem a repressão

As organizações signatárias do Acordo de Gernika analisaram numa conferência de imprensa, que decorreu em Bilbo, os acontecimentos das últimas semanas, que consideram «de grande gravidade» e que em seu entender mostram que Euskal Herria «está ainda longe» de um cenário de paz e normalização política.

Criticaram os mandados europeus emitidos contra jovens independentistas, bem como o facto de que Jose Mari Sagardui, Gatza, não tenha podido ser recebido com normalidade na sua terra natal após a sua libertação, e criticaram ainda a «cascata de proibições» de «qualquer acto ou mobilização», que visam «limitar a actividade política de determinados sectores sociais». Também se referiram às denúncias de torturas feitas pelos detidos na semana passada em Legorreta e Villabona.

Sobre o tiroteio que teve lugar no dia 9 de Abril entre dois alegados membros da ETA e gendarmes no Departamento de Indre, ressaltaram a gravidade do ocorrido, tendo referido que vai «contra o que é exigido» pelo Acordo de Gernika. Depois de exigir «esclarecimentos», pois nesta altura apenas se conhece uma versão, pediram à organização armada e aos estados espanhol e francês que ajam «com responsabilidade» em prol de um «compromisso firme e irreversível com a paz».

«Nem a sociedade basca nem o conjunto dos signatários do Acordo de Gernika querem que voltem a ocorrer confrontos armados», referiram.

Na conferência de imprensa também denunciaram o «acosso policial» a que o Bildu está a ser submetido, que raia a «espionagem política».

Apelos
Por tudo isto, lançaram um «desafio directo» à ETA no sentido de reafirmar o cessar-fogo declarado no passado dia 10 de Janeiro, expressando assim a sua «vontade inequívoca de superar definitivamente o ciclo de confronto armado».

Paralelamente, exigem ao Governo espanhol que abandone a sua «estratégia repressiva» e não «viole os direitos humanos, civis e políticos», e ao Estado francês que pare a sua «dinâmica de acosso e perseguição a todos os níveis».

Para além disso, exigiram que seja criada «quanto antes» uma comissão de verificação do cessar-fogo para que o cenário de paz e normalização política conte com «o máximo de garantias».

Para os signatários do Acordo, o conflito político «só pode ser resolvido através do diálogo e da negociação política entre todas as partes envolvidas», algo que «só pode ocorrer num contexto sem violência e de normalização política».
Fonte: Gara