segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ameaça de prisão para 19 pessoas por denunciarem a ilegalização da esquerda abertzale em Laudio

O colectivo Laudioko Auzipetuen Lagunak deu uma conferência na sexta-feira para tornar pública e denunciar a situação em que se encontram 17 habitantes de Laudio e dois de Amurrio (Araba). A Procuradoria pede 57 anos de prisão para eles (três anos por pessoa), e a acusação particular solicita 76,5 anos (um ano para um deles e entre 5 e 6 anos de prisão para os restantes).

Os factos remontam a 14 de Junho de 2003 e situam-se no contexto da ilegalização da esquerda abertzale e do acto de constituição da Câmara Municipal após eleições municipais. Na sexta-feira, o colectivo lembrou que, então, 2033 laudiotarras ficaram sem representação política. Naquele dia, cerca de 200 pessoas juntaram-se no salão plenário para mostrar o seu apoio a Pablo Gorostiaga, até então autarca da localidade, e repudiar a Lei de Partidos. Segundo mencionaram na conferência de imprensa, a sua acção foi pacífica, e apenas utilizaram folhas e apitos.

Uma vez terminada a leitura de despedida do até então autarca Gorostiaga, os vereadores do PP, juntamente com os seus guarda-costas, misturam-se com as pessoas que tinham acorrido ao Plenário. «Esta situação gerou tensão, e, aproveitando a presença de diversos órgãos de comunicação, tentaram fazer com que aquilo que era uma queixa por causa da ilegalização parecesse um ataque». [Ver vídeo, em baixo.]

Agora, oito anos volvidos sobre aquele episódio, 19 pessoas foram notificadas para serem julgadas na Audiência Nacional espanhola, por entender que naqueles acontecimentos podem ter sido praticados os crimes de «ameaças, coacção, ofensas corporais e alteração da ordem pública na localidade».

Referiram ainda que, a dada altura, o caso foi dado como encerrado no tribunal de Amurrio, depois de analisar as provas apresentadas pelo PP, e que a própria sala número 5 da Audiência Nacional chegou a afirmar que não se verificava a existência de qualquer crime de «terrorismo»; contudo, tal como sucedera anteriormente, a Procuradoria de Araba voltou a recorrer para o Supremo Tribunal, tendo sido decidido que os 19 imputados vão ser julgados pela sala 6 do tribunal especial espanhol.

O colectivo solidário defende que nas queixas formuladas contra estas pessoas são apresentados «factos muito graves que não ocorreram», e lembram que no acto estiveram presentes vários meios de comunicação, que gravaram tudo. «Ainda assim, são denunciadas coisas que não aparecem nessas imagens, que não aconteceram e que, como tal, são impossíveis de provar».

Actos de apoio
Para mostrar o seu mal-estar com a situação gerada, o colectivo Laudioko Auziperatuen Lagunak anuncia mobilizações. Esta segunda-feira vão apresentar uma moção na Câmara Municipal para protestar contra «a injustiça» de que são alvo estes 19 habitantes de Laudio e Amurrio, que aguardam por julgamento e correm o risco de ser condenados a penas de prisão.

Referiram ainda que estão a manter reuniões com diversos grupos e agentes sociais e políticos para receber apoios, que vão prosseguir até ao início do julgamento. Também explicaram que estão a tentar agendar uma reunião com o Ararteko, que poderá ocorrer em meados de Janeiro.

No dia 21 de Janeiro, um dia antes de os imputados irem para Madrid, vão realizar uma concentração em Laudio, a que se seguirá um almoço popular. À tarde, uma manifestação irá percorrer as ruas da localidade para pedir a absolvição dos 19 imputados.

Em princípio, o julgamento realiza-se de 23 a 25 de Janeiro, sendo que, no último dia, o colectivo irá colocar um autocarro à disposição das pessoas da localidade, para que assim possam assistir ao julgamento e manifestar directamente a sua solidariedade aos processados. / Fonte: Gara / Mais info: aiaraldea.com

Apartheid: 19 cidadãos de Laudio e Amurrio vão a julgamento
Em castelhano e euskara. Fonte: lahaine.org