quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A AHT Gelditu condena a morte de um trabalhador nas obras do TGV e pede a paralisação do projecto

Numa nota de imprensa, a AHT Gelditu! Elkarlana, coordenadora de oposição ao TGV, fez saber que o operário José María Castillo Alonso, de 44 anos, perdeu a vida esta segunda-feira em Bergara (Gipuzkoa). O operário trabalhava para a empresa madrilena Cimentaciones Singulares e foi apanhado por uma máquina tuneladora às 15h30; um médico confirmou a morte por volta das 16h10. Com a morte deste trabalhador, sobe para sete o número de trabalhadores mortos em acidentes laborais nas obras do «Y basco».

A AHT Gelditu! Elkarlana, que repudia esta morte «num acidente laboral num tramo das obras do TGV no chamado Y basco», denuncia as condições de exploração laboral a que são submetidas as pessoas que trabalham nestas grandes infra-estruturas (refere-se, entre outras questões, às extensas jornadas laborais, ritmos elevados de trabalho, ausência de planos de prevenção e equipamentos de segurança) e responsabiliza o Governo de Gasteiz pela morte, na medida em que deve garantir a aplicação das normas de segurança e saúde laboral, bem como a aplicação dos acordos laborais na obra.

A AHT Gelditu! denuncia também o facto de o Governo de Gasteiz, tal como o de Nafarroa, continuar a despender grandes verbas numa obra «socialmente questionada e inútil, que apenas favorece o enriquecimento das grandes empresas construtoras», como ficou patente nos chamados «papéis de Bárcenas»; e sublinha o facto de, quando se «vende» o TGV como uma fonte de emprego e de riqueza, se esconder à sociedade as condições laborais existentes nas obras, as vidas perdidas e os vários acidentes laborais ocorridos ao longo dos anos – os conhecidos, pois outros haverá que não tenham sido tornados públicos ou que não tenham merecido eco mediático.

O TGV não é sinónimo de criação de emprego, nem é resposta à crise, afirma a AHT Gelditu!: «o Estado espanhol é líder em quilómetros de alta velocidade na Europa e, simultaneamente, lidera os números de desemprego e das piores perspectivas de recuperação económica e social». Pelo contrário, o TGV é «sinónimo de crise, défice e exploração laboral». Na nota, a plataforma afirma que, tendo em conta o «fracasso do projecto do TGV» (que se tem vindo a verificar nos últimos meses), prosseguir com o projecto é «uma fuga para a frente».

Algumas instituições não tiveram «outro remédio senão adaptar-se à realidade do TGV como uma despesa inaceitável» quando à maioria da população são impostos grandes cortes nas áreas da saúde, da educação e dos serviços sociais. No entender da plataforma, a resposta dos governos de Gasteiz e de Iruñea e do Ministério espanhol do Fomento às incógnitas crescentes (económicas, técnicas, financeiras) que pairam sobre o projecto devia consistir na paralisação das obras e em repensar profundamente todo o projecto. Em vez disso, actuam como «o pior cego é o que não quer ver», levando a cabo uma «política de avestruz».

No final do texto, a AHT Gelditu! Elkarna exige a paralisação das obras e o respeito pela vontade popular. Faz ainda um apelo à participação nas várias mobilizações que forem convocadas para denunciar o acidente laboral mortal ocorrido em Bergara e exigir a paralisação do TGV. Para amanhã, ao meio-dia, os sindicatos ELA, LAB, ESK, STEE-EILAS, EHNE e HIRU convocaram uma mobilização em Bergara. / Ver: boltxe.info 

TERCEIRO ACIDENTE laboral mortal desde sexta-feira 
Para além do operário falecido na segunda-feira nas obras do TGV em Bergara (Gipuzkoa), na sexta-feira à noite um trabalhador da empresa de transportes Souto, com 46 anos, morreu esmagado por uma porta no espaço industrial de Arrigorriaga (Bizkaia); ontem, um trabalhador florestal de Ubidea (Bizkaia) morreu em Oleta (Aramaio, Araba) ao ser atingido por uma árvore. Hoje, o sindicatos ELA, LAB, STEE-EILAS, EHNE e HIRU concentraram-se frente à Direcção da Inspecção do Trabalho em Bilbo, exibindo uma faixa em que se lia «Lan istripu gehiagorik ez! Prekarietatea hiltzailea» [Mais acidentes laborais não! Precariedade assassina]. / Ver: Gara e LAB

Ver também: «TAV: el incumplimiento del convenio provoca muertes y genera pobreza», de LAB Sindikatua (lahaine.org)
 Desde LAB queremos denunciar cómo nos imponen unas obras faraónicas que solo interesan a las «élites» económicas y políticas, para seguir manteniendo y aumentando sus beneficios, mientras entre las personas trabajadoras genera pobreza.