terça-feira, 15 de julho de 2008

San Fermin 2008: Polícia Nacional espanhola voltou à carga na Parte Velha de Iruñea

Novo desenho da silhueta do San Fermin para 2009, tendo em conta o modo como os pacíficos da UPN chateiam nas festas (Tasio_Gara)

Apesar de na sexta-feira a Federação de Peñas de Iruñea [Pamplona], o Movimento Pró-Amnistia e a plataforma Sanfermines 78 gogoan terem emitido um comunicado conjunto em que exigiam a desmilitarização da cidade à delegação do Governo espanhol em Nafarroa (ver Apurtu e kaos_en_la_red), a nova delegada, Elma Saiz, fez ouvidos moucos e mandou a polícia carregar sobre os populares no sábado passado, pelo menos em duas ocasiões – episódios que pouca importância jornalística tiveram para certos órgãos de comunicação (os do Poder, os do costume, os do entretém), mais interessados no modo como os touros guinavam, como as cornadas se enfiavam mais acima ou mais abaixo, ou na maneira como as trupes do turismo global pegavam em latas e copos.
Euskal Herria / País Basco? A existência de umas festas marcadas por episódios inéditos em termos de controlo policial? A lembrança do que se passou há 30 anos? A repressão fortíssima sobre os movimentos populares – ou o modo como a vida genuína da cidade cada vez mais se confronta com o “plástico”? Tudo se remete à categoria de nada, pela via do silêncio e da invisibilidade, precisamente por parte daqueles que têm o poder de dar voz e pôr à vista. Estes episódios têm a importância que têm e não extravasam. Mas não deixam de carregar uma dimensão alegórica e simbólica. Os muros que eles constroem são os que nos cabe destruir.

Elma Saiz, a nova delegada do Governo espanhol em Nafarroa, estreou-se no cargo com o mesmo estilo que os seus antecessores. A Polícia Nacional carregou pelo menos em duas ocasiões na zona festiva da Parte Velha de Iruñea no último sábado. A primeira carga policial, que se saldou com vários feridos por impactos de balas de borracha, ocorreu no sábado de manhã na Caldereria, quando a Polícia Municipal requereu a intervenção da Polícia Nacional espanhola para evacuar as imediações do encerro, tendo os agentes deste corpo policial usado de grande violência para o efeito. Na sequência desta intervenção, ocorreram incidentes graves, e os cerca de 30 polícias acabaram por se retirar quando muitas das pessoas que ali gozavam as festas lhes arremessavam objectos.

Por volta do meio-dia, membros da iniciativa Iruñerria Piztera Goaz dependuraram uma grande faixa na fachada do Palácio de Rozalejo, na praça Nabarreria. Algum tempo depois, agentes da polícia local e da espanhola surgiram apetrechados com material anti-distúrbios. Depois de ocuparem a praça e retirarem a faixa, carregaram contra os presentes e retiraram-se.Com estas actuações, a nova delegada deixa bem evidente a pouca consideração que lhe mereceu a petição realizada pelas Peñas de Iruñea, o Movimento Pró-Amnistia e a iniciativa Sanfermines 78 gogoan, na qual exigiram que “desmilitarizasse” a Zona Antiga durante as festas, tendo em atenção a presença policial asfixiante verificada durante o txupinazo, a procissão de dia 7 e nos actos de homenagem a Germán, no dia 8.

Fonte: Apurtu