sexta-feira, 5 de setembro de 2008

‘Ongi etorri’, Arnaldo Otegi


Saiu da prisão de Martutene Arnaldo Otegi, um dirigente político da esquerda basca dos últimos tempos, depois de cumprir 15 meses de prisão impostos pela legislação espanhola.

Os juízes tinham-no condenado por participar numa homenagem a um dirigente abertzale já falecido, que fez parte da resistência nos tempos da ditadura franquista. Neste sentido, para materializar a condenação, os magistrados basearam-se no que está estabelecido na lei antiterrorista de 2000.

É importante recordar que, para a aprovação da citada lei, se contou com os votos necessários dos deputados do Partido Popular (PP) e do Partido Socialista Obrero Español (PSOE), os quais materializaram uma aliança política para delinear uma estratégia política, em benefício do desenvolvimento do nacionalismo constitucional espanhol.

Hoje, podemos concluir que a vigência dessa ferramenta jurídica, cujo fim era castigar as actividades terroristas no Estado espanhol, na prática se converteu num decálogo filosófico que a Justiça espanhola aplica com o máximo rigor, com o único propósito de levar ante os tribunais do Estado as cidadãs e os cidadãos bascos que façam parte de alguma instituição, periódico, colectivo político, cultural ou social que trabalhe para manter bem alto as singulares marcas históricas e culturais da nação basca.

A libertação de Arnaldo Otegi é auspiciosa não só para quem milita na esquerda basca ilegalizada, mas também para todas aquelas cidadãs e todos aqueles cidadãos bascos que possuem uma consciência nacional e patriótica, e que ainda mantêm a esperança de que se possa resolver o conflito político basco por meio do diálogo, da negociação, num cenário de paz e democracia, cujo fim seja garantir que o povo basco possa exercer o seu direito a decidir o seu futuro. Senhor Arnaldo Otegi, se as suas ideias coincidem com as linhas de acção antes referidas, ongi etorri [bem-vindo].

César ARRONDO
Universidade Nacional de La Plata, Argentina

Fonte: Gara