terça-feira, 2 de setembro de 2008

Operação policial em Nafarroa: um jovem cuja detenção foi ocultada pela AN durante dias deu entrada na prisão


Quatro navarros continuam sob regime de incomunicação nas mãos da Guarda Civil, enquanto um quinto, cuja detenção era totalmente desconhecida, foi ontem enviado para a prisão. Um dos detidos continua hospitalizado em Iruñea [Pamplona].

Fernando Grande-Marlaska mandou ontem para a prisão o jovem de Barañain Alberto López Iborra, cuja detenção foi ocultada pelas autoridades durante os dias em que permaneceu sob incomunicação nas mãos da Guarda Civil. O juiz acusa-o da prática dos mesmos três delitos que levaram ao encarceramento, na semana passada, de Luis Goñi e Xabier Sagardoi: “integração em organização terrorista” (acusado de pertencer à Segi), “delito continuado de estragos terroristas” e um outro de “danos terroristas”. Outro dos detidos, Noé López, continua ainda hospitalizado na capital navarra.

A primeira suspeita foi forçada pelas agências de informação ao assinalarem que os detidos durante o fim-de-semana pela Guarda Civil eram cinco, e não quatro, como indicaram desde a primeira hora. Mas o alarme soou ontem de manhã, quando a defesa dos jovens detidos em Nafarroa teve a certeza de que um jovem estava a comparecer perante o magistrado Grande-Marlaska. A blindagem interposta pela Audiência Nacional à detenção de López Iborra chegou ao extremo de o tribunal especial se ter negado a oferecer qualquer informação sobre o navarro; nem a sua identidade, nem o dia, o lugar e a hora da sua detenção, nem sequer se esta estava relacionada com a operação policial iniciada a 24 de Agosto.

Medidas contra a tortura

Outra notícia relevante foi avançada pelo Movimento Pró-Amnistia, que fez saber que Grande-Marlaska aceitou a aplicação de três medidas contra a tortura aos últimos detidos: possibilidade de estar com o médico de confiança, informação contínua aos familiares sobre o paradeiro e o estado dos detidos, e utilização da videogravação durante o período de detenção.

Entretanto, a última pessoa a ser detida pela Guarda Civil, o barañaindarra Noé López, ontem ainda permanecia hospitalizado.
Pouco depois de ter sido preso num bar de Barañain, no domingo à tarde, López deu entrada num hospital da capital navarra com um ataque de ansiedade. Segundo informou ontem o Movimento Pró-Amnistia, o médico forense do Tribunal de Iruñea que o visitou pouco depois concluiu que, no estado em que se encontrava o jovem, não era adequado mantê-lo nos calabouços policiais, pelo que solicitou que permanecesse sob observação. Embora hospitalizado, López continua em regime de incomunicação e custodiado por agentes da instituição militar.

Quem também permanece sob regime de incomunicação nas mãos dos militares são Maider Caminos – detida no sábado em Astrain –, Amaia Legarra – presa no mesmo dia em Gartzaron (Basaburua) – e Maitane Intxaurraga – detida no domingo em Arbizu –, sobre cujo estado não se soube mais nada.

Moção aprovada em Arbizu

Embora o magistrado Grande-Marlaska tenha descrito a operação policial como uma actuação contra a kale borroka [violência urbana], e depois contra a organização juvenil Segi, ainda se desconhecem as acusações concretas que pendem sobre cada um dos detidos e dos já encarcerados.

O mutismo oficial sobre as detenções junta-se à estranheza do cariz que está a tomar a operação policial, que já alastrou a todo o herrialde [território histórico], sobretudo se se tiver em conta que, entre os últimos detidos, há inclusive pessoas com filhos pequenos. É o caso da ex-deputada do Herri Batasuna Maitane Intxaurraga.

O Município de Arbizu, precisamente, aprovou ontem uma moção na qual se solidariza com ela, exige o fim do regime de incomunicação, apela à participação dos habitantes nas mobilizações de protesto e adianta que, no caso de Intxaurraga denunciar ter sido objecto de torturas, se apresentará como acusação particular. Em Basaburua também se discutiu uma moção de urgência sobre a detenção da vereadora abertzale Amaia Legarra.
A esquerda abertzale de Barañain e o Nafarroa Bai exigiram que se respeitem os direitos dos detidos.
Fonte: Gara