sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Onze jovens vão parar à prisão e 21 continuam nos calabouços

Tasio (Gara)

As famílias dos detidos na grande operação policial de terça-feira aglomeravam-se ontem à noite em frente à Audiência Nacional espanhola à espera de notícias. As agências noticiosas informavam que treze dos jovens já tinham prestado declarações, e esse simples dado era muito mais do que os familiares sabiam, uma vez que se ocultou a identidade dos jovens. A primeira notícia certa foi ver que o juiz instrutor da operação, Fernando Grande-Marlaska, saía do edifício. Pouco depois confirmavam-se onze ordens de prisão.

De acordo com o Movimento pró-Amnistia, foram encarcerados sob a acusação de «integração em organização terrorista» - etiqueta atribuída à Segi - Jon Liguerzana, Bittor González e Goizane Pinedo, de Gasteiz; Mikel Eskiroz, donostiarra capturado em Iruñea; Amaia Elkano, também detida na capital navarra; Jon Ziriza, de Barañain; Itsaso Torregrosa, de Burlata; Haritz Petralanda, de Zamudio; Mikel Ayestaran, de Villabona; Oier Ibarguren, donostiarra; e Eñaut Aiartzaguena, de Iurreta.

Ao que parece, todos eles passaram a estar comunicáveis depois de ser presentes ao juiz e os seus advogados estavam a tentar falar com eles. Os dois restantes saíram em liberdade: são Raúl Iriarte, de Barañain, e Oihana Fernández, habitante de Iruñea que tinha recebido durante o dia o apoio dos seus companheiros de trabalho do bar Onki Xin, em Donibane.

Os treze jovens prestaram declarações sob regime de absoluta incomunicação, situação em que continuam os 21 jovens ainda em poder da Polícia espanhola e da Guarda Civil, para quem este será o quarto dia sem qualquer contacto com o exterior.

Antes do início do procedimento, os advogados solicitaram a Grande-Marlaska, com toda a pertinência, que fosse pelo menos divulgada a informação relativa a quem iria passar pelo seu gabinete, de forma a que os respectivos familiares e amigos pudessem programar a deslocação a Madrid, mas o juiz não atendeu ao pedido, segundo fez saber o Movimento pró-Amnistia.

[Ver na sequência:] «As famílias, sem informações» e «Denúncia em Gasteiz»

«UPN, PSN e CDN rejeitam uma moção para investigar denúncias de mau tratos [no Parlamento navarro]»

Ramón SOLA
Fonte: Gara
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ADENDA (27/11/2009): Depois de mais um dia de intensa espera em frente ao tribunal de excepção espanhol, por volta das 22h ficou-se a saber que todos os jovens que hoje prestaram declarações tinham o mesmo destino que os de ontem: a prisão.

O juiz Grande-Marlaska manda para a prisão Néstor Silva, Zumai Olalde e Jon Anda (Gasteiz); Eihar Egaña e Aitziber Arrieta (Donostia); Idoia Iragorri e Nahaia Aguado (Sestao); Garbiñe Urra (Barañain); Irati Mujika (Amezketa); Xumai Matxain (Zaldibia); e Oier Zuñiga (Bilbau). Ou seja, aos onze encarcerados de ontem (26/11/2009) juntam-se mais onze (22). Dois foram postos em liberdade, mas sujeitos a diversas medidas restrictivas (24). Ainda restam dez nos calabouços, que amanhã devem ficar a conhecer a decisão ditada pelo tribunal de excepção (34).

Depois dos encarceramentos consumados na quinta-feira à noite, alguns dos jovens puderam falar com os seus advogados de confiança e, com isso, chegaram os primeiros relatos de ameaças, insultos, pressões psicológicas e, nalguns casos, de agressões físicas verificados nas quase 72h que os jovens passaram em poder das forças de segurança, segundo divulgou o Movimento pró-Amnistia.
Ao verificar a existência de maus tratos, o Movimento pró-Amnistia salientou que o regime de «incomunicação é utilizado pelo Governo espanhol para alcançar objectivos políticos: recolher informação política, conseguir declarações de culpa e propagar o medo entre os cidadãos».
Em: Gara
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Na foto, concentração realizada em Sestao (Bizkaia) para exigir a libertação dos 34 jovens bascos detidos na terça-feira de madrugada.