terça-feira, 19 de julho de 2011

A Ertzaintza prendeu os três jovens de Oarsoaldea que não compareceram em Madrid

Arrancou ontem na Audiência Nacional espanhola o julgamento de dezassete jovens de Oarsoaldea (Gipuzkoa). São todos acusados de pertencer à organização independentista juvenil Segi. Todos eles enfrentam penas de prisão, que variam entre os 6 e os 12 anos. Três deles decidiram não comparecer. A Ertzaintza tentou detê-los ao meio-dia, mas só os conseguiu prender por volta das 20h00.


Fontes próximas dos imputados disseram que hoje depuseram cinco dos arguidos.

Três dos dezassete processados deram uma conferência de imprensa na Praça Xenpelar, em Errenteria, para anunciar que não iriam estar presentes no julgamento. Os três jovens, Oihana Mujika, Iker Zabala e Egoitz Urbe, surgiram acompanhados por dezenas de simpatizantes, familiares e amigos. Entre estes, encontravam-se o deputado do EA Juanjo Agirrezabala, e também Joxean Agirre, do movimento Eleak. Ambos tomaram a palavra, juntamente com Oihana Mujika, para denunciar a natureza «política» do julgamento que decorre na capital espanhola.

Segundo disseram, «a única coisa substancial que foram capazes de plasmar no texto de acusação foi que pertenciam à Segi», pelo que «o direito de livre associação e acção política não valem nada».

«Se em nenhuma circunstância é admissível criminalizar as pessoas em função das suas ideias, é de todo inadmissível que estes atropelos contra os cidadãos bascos se multipliquem e acelerem numa conjuntura como a actual», afirmaram.

Referiram ainda que «pessoas de ideologias e culturas políticas diferentes» se associaram «de forma activa» contra este julgamento, como gesto colectivo contra a criminalização das ideias.

Manifestação
Para além disso, o movimento Eleak convocou «toda a sociedade basca» para participar numa manifestação de apoio a estes 17 jovens, que terá lugar esta sexta-feira, a partir das sete da tarde, entre Ugaldetxo e Errenteria, com o lema «Euskal gazteria libre eta legala. Eskubide guztiak guztiontzat» [Juventude basca livre e legal. Todos os direitos para todos].

«Os direitos civis e políticos de toda a população estão em jogo, tal como a concretização de um quadro democrático e de um cenário de paz e de liberdades definitivo. Façamos uma aposta forte e tornemos este processo irreversível, tendo por base a solidariedade e o compromisso», concluíram.

Depois desta conferência, familiares dos dezassete acusados concentraram em frente ao Tribunal de Donostia para pedir a sua absolvição.

Tentativa de detenção
Depois de ambos os actos, habitantes da comarca de Oarsoaldea participaram num almoço solidário com os arguidos. No decorrer da refeição, várias unidades da Ertzaintza chegaram ao local com a intenção de retirar dali as fotos dos presos políticos e tentar deter os jovens, segundo informa o Oarsoaldeko Hitza na sua edição digital.

Confrontados com a presença dos agentes, os três jovens subiram para cima do coreto da praça, evitando assim a detenção. Por fim, a Polícia autonómica abandonou o local sem efectuar qualquer detenção.

Mas os agentes regressaram ao entardecer, e acabaram por detê-los por volta das 20h00. Os três jovens estavam acompanhados por dezenas de pessoas, que lhes expressaram o seu calor e apoio.

Antecedentes
Dez deles foram detidos em Abril de 2008 por ordem do juiz da AN Fernando Grande-Marlaska. Os detidos afirmaram ter sofrido maus tratos durante os dias em que estiveram incomunicáveis nas instalações da Polícia espanhola em Madrid. Os outros sete foram presos em Julho desse ano, quando se encaminhavam para o Tribunal de Donostia.
Nos últimos dias, houve inúmeros actos em solidariedade com estes jovens.
Fonte: Gara

«Oiartzualdeko 14 gazte epaitzen hasi dira, Segikoak izatea egotzita» (Berria)
[Começou o julgamento de 14 jovens de Oarsoaldea, acusados de pertencer à Segi]
Os outros três arguidos não compareceram em tribunal; na parte da manhã, deram uma conferência de imprensa e ao fim da tarde foram detidos pela Ertzaintza, à segunda tentativa

Editorial do Gara: «Otro juicio político en la Audiencia Nacional»

Os familiares das presas Aiala Zaldibar e Rosa Iriarte sofrem um acidente a caminho da visita
A associação de familiares e amigos de presos políticos bascos Etxerat deu a conhecer ontem um novo acidente motivado pela dispersão. Trata-se de familiares e amigos que iam visitar as presas Aiala Zaldibar e Rosa Iriarte, ambas privadas de liberdade na prisão madrilena de Soto del Real.
É o sétimo acidente relacionado com a dispersão só este ano; de acordo com os dados da Etxerat, já se deram mais de 400 acidentes nos últimos 22 anos.
O automóvel em que viajavam ficou inutilizável, mas nenhum dos passageiros sofreu ferimentos de monta.
Fonte: Gara e etxerat.info

«Bihotzetatik zintzilik»