quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Os gudaris de Saseta vão regressar a casa 76 anos depois de partirem

No final de Fevereiro de 1937, vários batalhões de combatentes bascos continuaram a lutar nas Astúrias contra as tropas golpistas do general Francisco Franco. Muitos perderam a vida na localidade de Areces, entre eles o comandante do Euzko Gudarostea, Cándido Saseta.

Pensa-se que cerca de uma centena de homens ali tenham sido enterrados numa vala comum, numa zona conhecida como El Pradón de los Vascos [Euskaldunen Zelaia]. De acordo com o relato de uma testemunha, 20 a 30 morreram em combate, enquanto os restantes foram feridos e posteriormente executados, na maioria dos casos a golpe de baioneta.

Os restos de Saseta foram recuperados e trasladados para a sua terra natal, Hondarribia (Gipuzkoa), em Abril de 2008. Agora, a Deputação Foral e a Câmara Municipal de Donostia uniram forças para que os restantes corpos sejam desenterrados e identificados.

Marina Bidasoro, directora-geral de Direitos Humanos e Memória Histórica da Deputação Foral de Gipuzkoa, disse que já estabeleceram contactos com o Departamento de Cultura do Governo das Astúrias, com o Município de Areces e com o proprietário do terreno em que os corpos foram enterrados, pelo que se estima que em Fevereiro possam começar os primeiros trabalhos de movimentos de terra. Uma vez recuperados e identificados, os restos serão trasladados para Euskal Herria, onde serão homenageados juntamente com familiares e associações a eles ligadas.

A maior parte dos falecidos pertencia à EAE-ANV, embora se tenha falado com outros colectivos, como o PNV, a fundação Sabino Arana, a CNT ou o Partido Comunista. Eram também na sua maioria de Gipuzkoa e, entre estes, havia uma vintena de donostiarras.

A iniciativa parte do Município da capital e enquadra-se num projecto que visa recuperar a memória histórica sobre as violações dos direitos humanos ocorridas durante a guerra de 1936 e o franquismo. Neste projecto, incluíram-se também duas exposições: uma sobre o bombardeamento de Gernika e Durango e outra sobre a prisão de Ondarreta, esta última complementada com a colocação de um monumento evocativo junto à praia.

Outra iniciativa foi a publicação do livro Cine y Guerra Civil en el País Vasco, e entre as próximas iniciativas conta-se a realização de uma investigação sobre os trabalhadores da Câmara Municipal donostiarra que foram alvo de repressão durante os primeiros anos do franquismo. / Imanol INTZIARTE / Notícia completa: Gara / Ver também: «Sasetaren atzetik etxerako bidean» (Berria)