A juíza Myriam Viargues terminou a instrução do caso sobre a morte de Jon Anza, concluindo que esta se ficou a dever à doença que sofria e que não se sabe o que lhe terá acontecido nos dias que antecederam a sua entrada no hospital. Estas conclusões não satisfazem a família, cuja advogada, Maritxu Paulus-Basurko, já adiantou que irá apresentar um escrito de alegações, por considerar que «não foram efectuadas todas as pesquisas pertinentes».
«Não há nada de novo. Estamos praticamente como no início da instrução, pois não sabemos o que lhe aconteceu», disse ontem, insistindo na ideia de que «todas as questões continuam sem resposta».
Agora, tanto o MP como a parte civil têm três meses para realizar as suas últimas alegações. A advogada da família Anza anunciou que vai apresentar um recurso para que sejam realizados diversos procedimentos. «Já apresentámos dois e um terceiro está a caminho», acrescentou, sem esconder o seu cepticismo quanto à probabilidade de as suas petições serem atendidas. Ao invés, pensa que o MP se irá limitar a pedir o encerramento do caso.
Falta de iniciativa
Paulus-Basurko considera que a instrução do caso «não foi conduzida como era devido». «Desde o início, não existiu o empenho necessário, e sempre nos responderam com recusas ou fechando portas para que não se aprofundasse mais. Não houve uma verdadeira instrução. Aquilo que se fez foi sempre por nossa iniciativa», referiu.
Assim, lembrou, «por exemplo, que se fizeram esforços monumentais para indagar o trânsito em diferentes aeroportos, enquanto noutros aspectos nada se fez».
Também criticou o facto de a juíza ter circunscrito a sua investigação ao período em que o militante da ETA permaneceu no hospital e à sua morte, «deixando de lado o que se passou nos dias que antecederam o seu falecimento, bem como o conjunto de irregularidades, omissões e anomalias existentes em torno do caso».
No passado dia 30 de Maio, quando a juíza Viargues recebeu a família de Anza, reconheceu que tinham existido «coisas anormais», mas insistindo que não lhe cabia a ela investigá-las, «e isso quando tem competências para o fazer», precisou a advogada, que pergunta se o caso teria sido tratado da mesma forma «se Jon não fosse o que era». / Arantxa MANTEROLA / Fonte: Gara