quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Perseguição e agressão à irmã de um preso na A-12

Enara Rodríguez, irmã do preso político basco Arkaitz Rodríguez, apresentou na segunda-feira uma queixa no Tribunal de Donostia em que narra a agressão que sofreu no regresso de uma visita que fez na prisão de Logroño por duas pessoas que se identificaram como polícias.

O ataque ocorreu no passado dia 28 de Setembro, por volta das 18h30, quando a jovem donostiarra regressava de uma visita e circulava pela A-12 (via rápida que liga Iruñea, EH, a Burgos, Espanha) no sentido de Iruñea. A dada altura, «um carro cinzento da marca Opel Astra» pôs-se ao lado da sua viatura.

«Ao ver que não acelerava, aumentei a velocidade; o carro da esquerda também aumentou a velocidade; então diminuí a velocidade e o carro também abrandou. No veículo seguiam dois homens», narra Rodríguez.

De acordo com o seu relato, junto à saída de Arroitz o outro carro «começou bruscamente a invadir a minha faixa, obrigando-me a sair naquela saída para que não me batessem». A jovem perdeu o controlo e fez vários peões. Depois do susto e uma vez recuperada a estabilidade, ficou parada na berma da estrada.

«Quando tentava acalmar-me, apareceu novamente o carro e, enquanto um deles se pôs à frente do [meu] carro para que não pudesse arrancar, o outro homem pôs-se ao lado, batendo no vidro e gritando coisas como "¡Puta zorra, bájate ya del coche!"», diz.

«Eu estava bastante assustada e disse-lhes que não tinha qualquer intenção de sair do carro, que me deixassem em paz e que se fossem embora. Então, mostraram-me uma placa identificativa da Polícia e chamaram-me pelo meu nome. Acho que era a placa da Polícia Nacional», refere.

Nesse momento, o homem que estava ao pé da janela pediu-lhe os documentos. Enara Rodríguez abriu o vidro; «o homem meteu o braço rapidamente dentro do carro e abriu a porta, e, puxando-me o cabelo, atirou-me para o chão. Estando no chão, um deles pisava-me com força para que não me pudesse levantar. A partir desse momento, aumentaram os insultos, as ameaças e a violência».

Ameaças e apalpamentos
A donostiarra afirma que aos insultos se juntaram as ameaças de violação e os apalpamentos. «Começou a tocar-me no cu e aquele que se dirigia a mim constantemente e estava à minha frente começou a tocar-me nos seios. Eu tentava escapar aos meus agressores; isso enfurecia-os ainda mais e agarraram-me pelo pescoço. Gritavam repetidamente "eres una zorra valiente, ya veremos si después de violarte sigues igual"».

«No final, levantaram-me do chão e, agarrando-me pelo pescoço, disseram-me "vamos a jugar a un juego, te damos cinco minutos de ventaja, métete en el coche y corre todo lo que puedas; si te volvemos a ver en la autovía no lo cuentas". Desatei a correr, arranquei na viatura e comecei a conduzir a grande velocidade. Estava aterrorizada. Passados dez minutos, reagi e pensei que não podia continuar a conduzir àquela velocidade, e tão nervosa que ainda ia ter um acidente, e pensei que era isso que eles queriam, um acidente sem a sua participação».

Os porta-vozes da Etxerat afirmaram que esta situação de acosso à familiar de um preso é «de uma gravidade indiscutível», uma agressão que se vem juntar às consequências da dispersão. / Imanol INTZIARTE / Fonte: Gara via Sanduzelai Leningrado / Ler testemunho de Enara Rodríguez em etxerat.info

Agressão a Enara: crítica veemente do ACORDO de GERNIKA

Os signatários do Acordo de Gernika denunciaram as pressões sofridas por Enara Rodríguez e convocaram uma concentração para dia 13 de Outubro em Donostia, frente à subdelegação do Governo. Por outro lado, a Amaiur pediu informações ao Governo espanhol sobre as «ameaças de morte e de violação» feitas a Rodríguez. (Ver: BilboBranka)

Ver também: «O Acordo de Gernika exige a Madrid a "desactivação da sua máquina de guerra"» (naiz.info)