A fundação Egiari zor [dívida para com a verdade] foi apresentada este domingo no decorrer de uma conferência de imprensa realizada em Donostia, na qual participaram cerca de 200 pessoas.
Entre elas, estavam sentados na primeira fila o advogado Julen Arzuaga, Bixen Mujika (mulher de Juanra Aranburu), Alain Berastegi (sequestrado e torturado), Karmen Galdeano (filha de Xabier Galdeano), Unai Romano (torturado), Aitziber Berrueta (filha de Angel Berrueta), Karmelo Arregi (irmão de Susana Arregi), Idoia Muruaga (companheira de Igor Angulo), Andoni Txasko (gravemente ferido pela Polícia), Elena Bartolomé (companheira de Josu Muguruza), Jose Luis Gurrutxaga (pai de Egoitz Gurrutxaga), Maiana Bustinza (pai de Jose Migel Bustinza), Txomin Olaetxea (companheiro de Amparo Arangoa), Muxi Mariñelarena (irmã de Peio Mariñelarena), Izaskun Iantzi (irmã de Gurutze Iantzi), Carmen Antia (mãe de Montxo Martinez Antia), Antonia Manot (mãe de Jon Paredes Manot, Txiki) e Ainhoa González Santxiz (filha de Kontxi Santxiz).
Na apresentação da «Egiari zor» reclamaram a «mesma sensibilidade» para o sofrimento das pessoas que perderam um familiar «como consequência da luta armada» e para as que se viram atingidas «pela violência dos estados».
O seu objectivo é, segundo explicaram, reivindicar a «memória e a dignidade» das pessoas afectadas por essa violência. Idoia Muruaga, companheira de Igor Angulo, disse que «não se podem estabelecer distinções na forma como as vítimas são tratadas com base no autor ou no momento histórico em que as pessoas atingidas viram os seus direitos violados».
Muruaga referiu que, «para uma idêntica violação», o reconhecimento e a reparação devem ser «idênticos». No documento fundacional afirmam que Euskal Herria foi negada e agredida e que existe um conflito político com «profundas raízes que os estados espanhol e francês incitaram através da imposição e da violência».
«Nas últimas cinco décadas, o conflito foi também armado, o que fez com que centenas de pessoas perdessem a vida, enquanto milhares ficaram feridas, foram torturadas, encarceradas e ameaçadas», referem.
No manifesto, critica-se o facto de os estados «apenas terem utilizado estratégias repressivas para violar direitos», e refere-se que os signatários deste texto são «familiares das pessoas assassinadas ou que morreram como consequência dessa estratégia levada a cabo pelos estados, bem como de pessoas feridas ou torturadas nesse mesmo contexto».
No manifesto, critica-se também a proposta sobre vítimas de «excessos policiais» do Parlamento de Gasteiz e também o conjunto de iniciativas institucionais que procuram «estabelecer, transformando-o em único, um relato sobre o nosso passado imediato, assente numa retórica de vencedores e vencidos, de sofrimentos de primeira e de segunda categoria».
Ver também: «A "Egiari zor" vai procurar a verdade para se alcançar uma resolução justa e democrática» (Gara via lahaine.org)
Reivindica a memória e a dignidade daqueles, por causa da repressão de Madrid e de Paris, e do conflito, morreram, ficaram feridos ou foram torturados.