Mais de nove meses depois de a Ertzaintza ter entrado violentamente em Errekalde, despejando o gaztetxe do Kukutza e pondo o bairro bilbaíno em estado de sítio, começam a ser conhecidas as sentenças de alguns julgamentos que envolvem pessoas detidas durante os distúrbios ocorridos naqueles dias de Setembro.
E a primeira sentença foi absolutória. O caso deu-se com dois jovens alemães - Florian e Rafael - a quem a Ertzaintza acusava de «virar e queimar dois contentores na Rua Gordoniz». Acabaram por ser declarados inocentes, na medida em que não ficou provado que os arguidos tivessem algo a ver com esse incêndio.
Iñaki Carro, advogado dos dois jovens absolvidos, e que tem a seu cargo a grande maioria dos casos relacionados com o Kukutza, sublinhou que o aspecto mais importante da sentença é «a sua argumentação», já que «deixa em evidência que houve um erro dos agentes na identificação espacial e temporal», isto é, «que a Ertzaintza «ou se enganou, ou, de forma directa, inventou esse incêndio; cada qual que retire as suas próprias conclusões», sentenciou.
Neste sentido, reconheceu que «não será tão fácil provar a inocência dos restantes arguidos», embora se tenha mostrado optimista perante esta «sentença exemplar» que, em seu entender, «deixa bem às claras que a Ertzaintza agiu de forma indiscriminada, e que não podem ser objectivos nem imparciais nas suas declarações».
Mais casos pendentes
Existem muitos outros casos, relacionados com o despejo e a demolição do Kukutza, a aguardar uma resolução judicial. Alguns deles ainda se encontram na fase de instrução, como a acusação de usurpação de imóvel formulada contra 26 pessoas durante o despejo do Kukutza, ou o processo contra as 24 pessoas detidas durante a noite de sexta-feira. Em ambos os casos, os arguidos e os agentes já depuseram. / Mikel PASTOR / Ver: Gara e BilboBranka / Vídeo: «Kukutza: crónica de 3 dias de ocupação de um bairro» Ver: «La sentencia absolutoria de Kukutza, segundo varapalo al tándem Azkuna-Ares» (Bildu Bilbo)