sábado, 15 de setembro de 2012

Contra a repressão, frente comum na prisão de Villefranche-sur-Saône

Deu-se um passo no cárcere de Villefranche-sur-Saône, onde prisioneiros políticos bascos e presos de direito comum decidiram criar uma frente comum contra aquilo que consideram uma situação de excepção. Tanto no interior como no exterior, prisioneiros e famílias, que denunciam as «práticas ilegais», alertaram o Contrôleur général des lieux de privations de liberté [autoridade administrativa independente que vela pelos direitos fundamentais dos reclusos], que ficou com o dossier.

Os acontecimentos do início de Junho (ver edição de Lejpb de 07/06/2012) foram vividos por três presos políticos bascos na prisão de Villefranche-sur-Saône, que «radicalizaram» o protesto e saíram da sombra. Hoje, todos os presos denunciam «uma situação de violência quotidiana» e «entraves às visitas». É isso que nos conta Zigor Goieaskoetxea, familiar de um dos prisioneiros políticos referidos. Em Junho último, a utilização arbitrária do pórtico de segurança tinha acendido o rastilho. «Se o pórtico da entrada soa três vezes, a visita é recusada. O que não é legal». Apanhada, a administração penitenciária alterou o seu procedimento, mas, «com a desculpa de seguir as regras, na verdade as mesmas práticas mantêm-se», diz Z. Goieaskoetxea com indignação.

«Violência quotidiana»
A estes entraves, há a juntar a violência, que fez com que o estabelecimento fosse frequentemente qualificado como «disciplinar». «Uma máquina repressiva e torturadora», eis o interior deste estabelecimento prisional, onde «os funcionários de se sentem todo-poderosos», afirma Zigor Goieaskoetxea. «Não há qualquer diálogo, as relações baseiam-se unicamente na violência. É insuportável».

No final de Junho, um dos três prisioneiros bascos em questão foi ouvido pela juíza Duyé em virtude da violência a que foi submetido. «Ela respondeu: o que são para vocês, militantes da ETA, alguns socos?», conta o seu irmão. «Isso quer dizer que a juíza de instrução sustenta a possibilidade de as pessoas serem torturadas nas prisões francesas».

Com o propósito de apoiar a dinâmica de protesto levada a cabo pelo conjunto dos prisioneiros, haverá uma concentração no dia 22 de Setembro em Villefranche-sur-Saône. Na véspera, pelas 20h00, um autocarro parte da Place Saint-André, em Baiona. / Carole SUHAS / Fonte: Lejpb

Ver também: «Três presos políticos bascos em isolamento por denunciarem a presença na sua secção de um preso social que antes agrediu dois presos políticos bascos» (etxerat.info)
A situação dá-se na prisão de Córdova.

Mobilizações por todo o País Basco contra a pena perpétua e pela libertação dos presos doentes
Na sequência da iniciativa e das reuniões realizadas em Estrasburgo, o movimento Herrira convocou para hoje uma jornada de mobilizações para exigir uma mudança na política penitenciária, mais concretamente o fim da aplicação da sentença 197/2006, que foi chumbada pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, e a libertação dos treze presos políticos bascos com doenças graves. / Mais info e muitas fotos: herrira.org