No julgamento dos dez jovens de Hernani e Urnieta (Gipuzkoa), que decorre na AN espanhola, hoje foi a vez de deporem os cinco que não o fizeram ontem. Todos eles afirmaram ter sido submetidos a maus tratos e que as agressões e as ameaças começaram logo no momento da detenção. Intensificaram-se depois na esquadra de Donostia e em Madrid, e a situação só acalmou depois de fazerem o depoimento na presença da Polícia.
Aitzol Arrieta foi o primeiro a depor, tendo afirmado que as torturas começaram logo quando estava a ser levado para a esquadra de Donostia. Batiam-lhe na cara e no pescoço, disse, «e, quando não ouviam a resposta que queriam, batiam-me com mais força». Inicialmente, contou ao médico forense os maus tratos a que estava a ser submetido, mas, enquanto não dissesse aos polícias «o que eles queriam ouvir», não o deixavam em paz. Na presença do juiz, negou o depoimento realizado à frente da Polícia, mas não denunciou os maus tratos, por se encontrar «exausto». Lembrou que, na presença de Garçon, negou pertencer à Segi.
O MP acusava Arrieta de ter participado em incidentes ocorridos em Hernani a 25 de Outubro de 2008, mas, tal como a defesa demonstrou, nessa altura o jovem encontrava-se em Oñati, a participar num jogo de basquetebol.
Mikel Garcia também negou fazer parte da Segi. Disse que em Donostia lhe puseram o saco na cabeça e que perdeu os sentidos, tendo feito um depoimento sob a coacção das ameaças. Teve de ser levado para o hospital.
Ekhi Oñate também negou o depoimento realizado na esquadra. Agredido, disse que não contou nada do que se passava ao médico forense porque a porta estava meio aberta e os polícias estavam do lado de fora e podiam ouvir tudo. Oñate não conseguiu evitar as lágrimas ao relatar que «os polícias lhe disseram que tinha estragado a vida à mãe», que se encontrava no hospital. «Nessa altura disse-lhes que fazia qualquer depoimento».
Egoitz Balerdi mencionou as humilhações e as agressões que teve de suportar. Embora não tenha denunciado os maus tratos na presença do juiz, por se sentir «intimidado», apresentou depois uma queixa no Tribunal de Donostia.
Asier Olano foi o último a depor, e tal como os quatro anteriores, mencionou as ameaças, agressões e a pressões a que foi submetido. Obrigaram-no a memorizar o depoimento que assinou na presença da Polícia.