quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Comunicado da ASEH

Comunicado

A Associação de Solidariedade com Euskal Herria condena a postura de imobilismo do Estado espanhol em relação à trégua anunciada pela organização armada ETA. O actual impasse verificado prejudica gravemente o desenvolvimento de um processo de paz que conduza ao fim do conflito e à convivência fraterna entre os povos. Não se pode querer a paz adiando e levantando entraves para a criação de uma mesa de negociações. Não se pode querer a paz anunciando que não se vai dar ao povo o direito legítimo, consagrado pela Organização das Nações Unidas, à autodeterminação. Por fim, não se pode querer a paz continuando a guerra. Lançando a prisão e a tortura sobre os cidadãos bascos, proibindo e reprimindo manifestações, mantendo rádios, jornais, organizações juvenis, associações humanitárias e anti-repressivas e partidos políticos sob a sombra da ilegalização. O Estado espanhol até agora tem demonstrado querer uma ‘Pax Romana’, uma paz baseada na imposição.

A Associação de Solidariedade com Euskal Herria denuncia a situação em que vivem os quase 700 presos políticos bascos e, particularmente, o caso de Iñaki de Juana Chaos, há 45 dias em greve de fome indefinida. Deslocados, a centenas de quilómetros da sua terra, sofrem e vêem os seus familiares e amigos sofrerem com a distância. Muitos, com doenças crónicas, são mantidos encarcerados décadas a fio, enquanto que ex-generais e ex-ministros envolvidos em escândalos de corrupção e de terrorismo estatal cumprem apenas uma pequena parte da pena. Iñaki de Juana Chaos cometeu o ‘crime’ de escrever dois artigos para um jornal, nos quais apoia o Movimento de Libertação Nacional Basco. Foi a razão que encontraram para satisfazer o ódio lançado pelos meios de comunicação social espanhóis, e apoiados pelo governo, contra a decisão de não se criminalizar Iñaki. Por ter escrito pela liberdade do seu povo poderá passar mais 30 anos na prisão. Com 50 anos de idade, Iñaki, que já passou 20 enjaulado, sairá em liberdade com 80 anos. A greve de fome foi a única forma de luta encontrada para fazer face a todos estes atropelos legais e políticos. Há 45 dias em greve, foi anteontem hospitalizado com menos 18 quilos e com todo o peso da persistência da sua luta. A resposta do Estado espanhol não foi a reposição da justiça mas a ordem de o alimentar à força.

A Associação de Solidariedade com Euskal Herria está solidária com os presos políticos bascos e com todos os que no País Basco lutam pela liberdade do seu povo. Como noutros momentos da história, quem luta contra a opressão é considerado terrorista. Os exemplos de presos políticos como Bobby Sands, Nélson Mandela e António Dias Lourenço demonstram que nada poderão contra a fome de liberdade do povo basco.

Liberdade para Iñaki de Juana Chaos!

Liberdade para os presos políticos bascos!

Viva o País Basco independente e socialista!

20 de Setembro de 2006

Associação de Solidariedade com Euskal Herria